domingo, 16 de fevereiro de 2014





O MONGE DE GRANITO

Original de Antônio Martins

"Era da tarde ao fim, que o vi de perto,
Já das brumas da noite o vulto incerto ...
Um gigante de pé;
Depois, à luz do dia contemplei-o,
Fui mais perto, mais perto - o mesmo enleio ...
"Infinito galé!"

Como ele é majestoso! Viu passarem
Com os séculos gerações a se abismarem
Na tumba das idades; - sentinela dos mundos no seu posto,
Tem das procelas rugas,  pelo rosto sulcos das tempestades!

Fez-se monge . . . Preferiu à cela escura
O ambiente sagrado da natura,
Entre os muros azuis da cordilheira;
E aí, n'um paraíso aos céus aberto,
Constituiu-se - um marco no deserto
- Ancora da fé na crença derradeira.

Quem sabe a sua lenda?
Altos mistérios . . .
Dorme com as gerações nos cemitérios
A história deste herói! . . .
Sondar quem pode a alma gigantesca
Dessa estátua sem luz - múmia dantesca
Que o tempo não destrói.

O povo aponta-o respeitoso e altivo,
Como a estátua fatal d´um redivivo ...
Do dilúvio . . . talvez?
Da arca de Noé caíra a nado,
Té que um dia - aportou extenuado
Dos serros no convés!

Foragido dos mares, da esperança.
Tanto lutou que teve na bonança
O seu último alento;
Hirtos os membros, cansados, sem conforto,
Ascendeu ao Calvário antes do Horto - no hérculeo passamento
Tem encelados os membros de granito,

Rolou lá das alméias do infinito dorso dos destroços.





















































Por hoje é o que tenho para contribuir com a História de Itapajé. 












Ribamar Ramos
Fort 16 de fevereiro de 2014