terça-feira, 23 de junho de 2015

HISTÓRIA ICONOGRÁFICA DE ITAPAJÉ

VISTAS DA CIDADE

20 DE JUNHO DE 2015
 































Por hoje, 23 de junho de 2015 - Terça feira - É o que tenho para contribuir, mesmo que modestamente, para um melhor conhecimento de nossa Rica História. As fotos postadas hoje foram obtidas no dia 20 de junho de 2015, quando visitei Itapajé.
Acredite! É possível tornar a História de Itapajé mais conhecida. Basta não desistir. Somos responsáveis e, principalmente, Protagonistas da Rica e Envolvente História de Itapajé. (Ribamar Ramos). 

Blog da História de Itapajé – www.itapagece.blogspt.com.br – 
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PENSE NISSO....
"Que nada de falso seja dito, nada de verdadeiro seja omitido, nada de suspeito seja escrito e nada seja simulado". Cícero.

"Quanto a mim escrevo até este ponto; o que depois se passou, talvez outro queira tratá-lo". (Xenofonte).
                                                                                                                        Ribamar Ramos
23 de junho de 2015
Boa noite / Bom dia

segunda-feira, 1 de junho de 2015

TÚNEL DO TEMPO DA HISTÓRIA DE ITAPAJÉ

ANIVERSÁRIO DE SAUDADE

JOSÉ QUINTINO DA CUNHA
(  + 1/06/1943 - * 24/07/1875 ) 


JOSÉ QUINTINO DA CUNHA
24/07/1875 - 1/06/1943
QUINTINO CUNHA
“O BOCAGE CEARENSE”

SÉRIE: ANIVERSÁRIO DE SAUDADE  - 72 ANOS - (26.298 dias)

PEQUENO RESUMO BIOGRÁFICO

José Quintino da Cunha nasceu em 24 de julho de 1875, advogado e poeta, comparado a BOCAGE – Poeta português, romântico e satírico. Seu primeiro livro:“Diferentes” foi prefaciado pelo filósofo Farias Brito. Dois originais de Quintino Cunha se extraviaram: O romance de sua vida que ele escreveu quando foi preso por ter casado desobedecendo às ordens superiores da Escola Militar do Ceará, onde fizera o curso como cadete do Exército, e “Versos de Cores”, já escrito no Amazonas, onde viveria com sua esposa, após sair do Ceará.
Lá também, em Manaus, em 1902, conforme as Notas de Viagens de Bezerra de Menezes, residia seu irmão João Quintino da Cunha, igualmente poeta e, por coincidência também morreu pobre. Dizia que o Amazonas era “O Paraíso dos brutos e o inferno dos cearenses”. Bezerra ainda diz: “Enquanto estivemos juntos no apartamento da Rua Leovigildo Coelho, ao lado da Igreja dos Remédios, cujo vigário era um padre cearense de relevo enorme no Clero, pelas suas altas virtudes o Monsenhor Antero José de Lima, meu companheiro, conversador de raças, me narrava, para distrair minhas saudades,..”.
Publica em Paris, na França; quando lá esteve em 1907, o livro “Pelo Solimões”, obra de valor inestimável, que mereceu referências elogiosas por parte da crítica internacional. Anos depois, quando voltou de Paris, foi agraciado por Dom Carlos, Rei de Portugal, com a medalha de “Honra ao Mérito” por relevantes serviços à colônia Portuguesa.
Ficou viúvo, ainda quando morava no estado do Amazonas, vitimada por febre (malária). Ao retornar ao Ceará, sua terra natal, veio novamente a casar-se com Maria, a quem dedicou seu imortal poema “O Encontro das Águas”, transcrito adiante. Quintino Cunha terminou seu curso de Bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito do Ceará, no ano de 1909, no dia 9 de dezembro. Entregou-se com entusiasmo e eloqüência, aos debates jurídicos, graças a sua privilegiada inteligência. Na época do governo revolucionário de Franco Rabelo, ingressou na política, sendo eleito para o biênio 1913/1914 a Deputado Estadual.
Certa vez, Quintino Cunha pescava nas águas de um lago no Alto Amazonas, o que ele sempre fazia com prazer. Pensava na sua infância, nos seus amores, nas suas tristezas; quando uma canoa com dois senhores e um remador aproximou-se dele. Houve então seguinte diálogo: - Oh! Amigo, bom dia. - Bom dia, respondeu Quintino. – O que está a fazer? – Pescando a vida. Responde com um sorriso o poeta. E foi assim que se conheceram Quintino e Euclides da Cunha e desde então se tornaram amigos.
Euclides da Cunha publicou uma crônica na imprensa de Manaus sobre “O poeta Quintino, poeta de verdade”! Pela Segunda vez Quintino perde sua Segunda mulher, ficando sozinho com seus filhos. Tempos depois encontra uma nova companheira, que ampara com amor o poeta e suas crianças. Casou-se, pela primeira vez com: Ana Carneiro Cunha tiveram dois filhos: Osmar e Lourdith. O Segundo matrimônio foi com: Francisca Accetti Cunha tiveram quatro filhos: Virgínia, Plautus (seu principal biógrafo), Cleanto e Yanê. O terceiro matrimônio foi com: Tereza de Araújo Cunha tiveram 7 filhos: Taís, Nelda, Rosemeire, Eitel, Dalô, Zir e Maria do Carmo.
Luis da Câmara Cascudo escreve sobre o espírito, a verve do poeta: “Quando alguém cita Quintino Cunha é provocar uma anedota saborosa, possível ou não, mas saborosa. O poeta aos poucos foi desaparecendo empurrado pelo humorista. Também Quintino não fazia força no sentido de manter o primeiro titulo, o titulo poético. Por esse nordeste inteiro, quem não conheceu Quintino Cunha? Conhecido pela fama espirituosa das respostas, das soluções de surpreendentes graça surgidas inopinadas e fulminantes”.
“Pelo Solimões” é o livro de Quintino Cunha poeta e nele há uma valorização sugestiva de motivos populares, tradicionais e folclóricos, fixados com precisão, com elegância, com originalidade. Não houve apenas o motivo da paisagem social amazônica utilizada para fins líricos, mas a clara intenção distinta de sua preferência literária. Assim seus livros guardam, nos versos, a documentação direta e limpa do arquivo oral do setentrião brasileiro.
Quintino Cunha viveu em meio a grandes dificuldades financeiras agravadas pelos encargos de família numerosa. Faleceu em conseqüência de uma malária contraída quando vivia no Amazonas. Tinha então 70 anos. Lê-se no seu túmulo: O Padre eterno, segundo refere à história sagrada, tirou o mundo do nada. Eu nada tirei do mundo”

Abaixo veremos seu  mais belo poema: O Encontro das Águas.

“Vê bem, Maria, aqui se cruzam: Este é o Rio Negro, aquele é o Solimões.
Vê bem como este contra aquele investe, como as saudades com as recordações.
Vê como se separam duas águas, que se querem reunir, mas visualmente;
É um coração que quer reunir as mágoas de um passado às venturas de um presente.

É um simulacro só, que as águas donas desta terra não seguem curso adverso, todas convergem
para o Amazonas, o real rei dos rios do universo.

Para o velho Amazonas, Soberano que no solo brasílico tem paço; para o Amazonas,  que nasceu humano, porque afinal é filho de uma abraço!

Olha esta, que é negra como tinta, posta nas mãos, é alva que faz gosto; dá por visto o nanquim com que se pinta nos olhos, a paisagem de um desgosto.

Aquela outra amarelaça, muito, no entanto, é limpa, engana; é direito a virtude quando passa pela flexível porta da choupana.

Que profundeza extraordinária, imensa,  que profundeza, mais que desconforme! Este navio é uma estrela, suspensa neste céu d’água, brutalmente enorme.

Se esses dois rios fôssemos, Maria todas as vezes que nos encontramos, que Amazonas de amor não sairia, de mim, de ti, de nós que nos amamos!...”.

Cabe ressaltar que, para falar de Quintino, não se pode economizar palavras, a prolixidade seria perdoável, assim sendo, eu mesmo, Ribamar Ramos, resolvi aprofundar-me mais detalhadamente sobre à vida desse nosso ilustre conterrâneo, falecido em 1 de junho de 1943, precisamente aos 67 anos; 10 meses; 1 semana; 1 dia (exatos 24.783 dias, como diria Aristóteles Alves Carneiro). Portanto, prefiro exceder, à escassear informações. 
Para retratar nosso maior representante, assim não poderia aventurar-me em "mostrar apenas algumas informações". Portanto, resolvi aprofundar-me nas pesquisas e encontrei diversas outras fontes que continham muitas informações, infelizmente desconhecidas, da grande maioria de seus conterrâneos!
A seguir transcrevo - “ipsis littteris”, um artigo escrito por Meton de Alencar, ilustre expoente da literatura brasileira, editada no livro de Plautus Cunha, "ENCONTRO DAS ÁGUAS", em sua  2.º edição. Abaixo a transcrição. Plautus Cunha, filho de Quintino:
"Dizer algo de Quintino Cunha, por onde possa avaliar as cintilações do seu brilhante espírito enclausurado no seu singelo invólucro material franzino e da personalidade física a contrastar à admirável organização psíquica que se concretiza num todo de invejável vivência doce lenitivo às agruras da vida,  não é tarefa fácil e nem bem se ajusta nas breves Linhas com que aos leitores, apresentamos o poeta aqui, no pórtico deste trabalho. Um estudo mais detalhado em que  lhe retratasse fielmente a alma de artista, seria para desejar; mas infelizmente, além do nosso apoucamento, a carência de apontamentos indispensáveis, de par com a urgência reclamada. nos privam de fazê-lo assim de maneira completa, para nos limitarmos a dados de memória que a reminiscência de nossa mocidade, nos pinta com as doces recordações daqueles tempos, revividos, agora nas cenas indeléveis que passam vigoro­sas, assoberbando aquele oásis de esperanças sadias e fortes, já hoje diluídas no oiro pálido das ilusões perdidas dum passado já distante.
José Quintino da Cunha, nasceu, como águias, no cimo das cordilheiras, no ano de 1875, aos 24 de julho, em São Francisco de Uruburetama, hoje Itapajé, neste Estado.
Vira ali, naquela região ubérrima, os primeiros lampejos de sol ardente e vivificante que, ao amanhecer daquele dia festivo, quebrava as brumas com que se vestira a serrania, onde nuvens espessas diluídas em múltiplas espirais de fumo, irisadas a se elevarem aos céus em caprichosas volutas,volutas que em mística saudação ao nascituro, como lufadas daquele gigantesco turíbulo se partissem perfumando o vasto ambiente.
Foram os seus pais o conhecido latinista, (profundo conhecedor da língua Latina), João Quintino da Cunha e a distinta e ilustrada professora pública, em Baturité, Dona Maria Maximina Ferreira Gomes, estimadíssima de toda aquela gente pelos belos dotes de espírito que lhe sobejavam. Sobrevivera esta ao marido muitos anos, e com admirável estoicismo e invulgar energia, educara os filhos órfãos pequeninos, sem empeço da pobreza honesta em que sempre vivera. Foi uma heroína; lutou até os últimos dias de sua morte, havida nesta capital, à Rua Padre Mororó, 215 - no dia 27 de agosto de 1923.
Três filhos: - João, (que falecera em plena mocidade), José Quintino, poeta de muita verve e humorismo,  e Dona Maria Virgínia, senhora de grande cultura e inteligência esclarecida, esposa do contabilista cearense Manoel de Albuquerque Solon.
Como se bem vê, Quintino nascera poeta por tradições e poeta de fato se fizera aos primeiros vôos de sua privilegiada mentalidade ainda em formação, despida de preconceitos e vaidade que nunca os teve rebuçada, sim, de uma simplicidade e modéstia exageradas que alicerçam a seu todo descuidado de aparência pouco recomendável pelo desalinho do traje, alheio às práticas sociais, indiferente a tudo e a todos.
Em Baturité, vivera. a quadra despreocupada da infância irrequieta aos afagos de sua estremecida mãe, até cerca de onze anos, quando, vencendo os maiores óbices de que o cerca­va a estrema pobreza, se transportara a esta capital, onde se internara no Ginásio Cearense, estabelecimento de educação secundaria a cargo e direção do seu proprietário Prof. Anacleto Cavalcante Pereira de Queiroz, homem de parcos conheci­mentos adquiridos nos anos que fora recluso,  porém, inteligente e perfeito educador, a quem se deve uma plêiade de moços que figuram nos nossos centros culturais de aqui e d'além.
Conhecêramos a esse tempo o vigoroso poeta de hoje Quintino - através daqueles óculos de grau exagerado que lhe tornavam os olhos pequeninos, vivos, brilhantes, perscrutadores, como que para lhe aumentarem o poder de penetração numa loucura investigadora, insinuante, que prendia e cativava, servida por timidez e ingenuidade num todo simples e humilde. Ninguém diria que, naquele ser pequenino tão míope, mesmo, se abrigava o gênio esfuziante do cantor das selvas e costumes amazônicos. Dia a dia, no afã escolar o seu privilegiado talento, a mais e mais se consubstanciava, desdobrando-se pelas várias trilhas abertas por disciplinas novas com que alicerçava a vasta instrução de que dispõe, adquirida nos breves instantes roubados às vadiações  que tanto o celebrizaram, naquela quadro infantil, Vê-lo com algum livro, lápis ou caneta às mãos; era difícil e, se fácil fora, seria para desenhar jocosas charge com versos de refinado humorismo, mas nunca para exercer os misteres do colégio, para os quais não lhe sobrava tempo. Apesar desse seu descaso pelas coisas escolares, era gosto vê-lo sempre na dianteira do aproveitamento anual, obtendo, invariavelmente, as melhores notas nas matérias do ensino e as piores em comportamento não obstante o castigo eterno em que vivia e que tanto o martirizava, mas, certamente, para corrigi-lo.
Recebera ali os ensinamentos de Souto, Agapito dos Santos, Arruda, Frota (Padre) e tantos outros professores de renome de então, e, dentro em pouco, ensaiava os primeiros vôos poéticos, escrevendo um soneto a que Álvaro Martins, o excelso cantor dos "Pescadores da Tahyba" , classificara de ótimo, julgando-o de algum autor desconhecido, não acreditando ser de Quintino; e, quando disto cientificado pelo autor destas linhas, assim se expressara: - "De um discípulo assim é uma honra se ser mestre!"
Quintino escrevera vários contos e humorismo no «Eco Estudantil» de que eram redatores e proprietários Meton de Alencar e Augusto Batista Vieira. Ainda no Colégio produziu o seu primeiro livro - "Diferentes" - prefaciado pelo grande filósofo Farias Brito, que lhe não poupou encômios, incentivando-o a prosseguir - contos feitos, muitos deles, sobre a perna, na própria tipografia, quando o compositor Cunha Ferro reclamava falta de material. Trabalho este não muito perfeito, onde se nota, todavia, os arroubos de uma inteligência  incomum e promissora, que merecera boa acolhida da imprensa e dos intelectuais de então. Já nessa época - 1892 - Quintino possuía bem manifesta, a tendência para o humorismo; a sua ironia era pronta e a sátira eclodia a cada momento.
Inúmeras pilhérias surgiram, naqueles saudosos momentos, repassadas de graça e verve, perdidas hoje, com o passar dos tempos.
Com a instalação da Escola Militar aqui em Fortaleza, abrira-se ao poeta um novo horizonte de mais vasto descotínio e maiores possibilidades à cultura do seu espírito sôfrego de esclarecimentos novos que a insuficiência de recursos financeiros o peiava procurar em outros meios mais adiantados. Ali ingressou como cadete do Exército. A esse tempo já povoavam a mente do Quintino as róseas ilusões do amor.
Sentia-se o poeta ferido pelas setas de Cupido, e o seu coração afetivo, mal saíra dos cuidados infantis, abria-se às caricias daquela que fora a sua idolatrada e primeira esposa. Construíra assim, o seu primeiro lar, cuja felicidade a perversidade de um seu superior hierárquico cerceou, opondo terrível e invencível obstáculo: fê-lo prender por uma escolta da mesma Escola que o trouxera prisioneiro dali, na manhã seguinte a do seu festivo himineu realizado em Mulungu, serra de Baturité. 
Por mais de dois anos, curtira Quintino as amarguras do cárcere, distante do ente querido, cuja imagem mais a mais se enlevava presa da saudade, revigorada pela esperança de um dia abraçá-la feliz. Enclausurado, durante dois anos após seu primeiro casamento, Quintino recusou sempre ver a sua esposa, declarando só desejar abraçá-la, quando de novo liberto, uma vez que se casara como cidadão livre e não como preso. 
No cárcere, escreveu Quintino o romance de sua vida, cujos originais desapareceram. Conquistada a liberdade, depois de um segundo Conselho de Guerra, que respondeu, onde se fez notar toda a sorte de perseguições, teve o poeta necessidade de partir para longe do Ceará, lá onde lhe fosse mais fácil conquistar a vida ao lado da esposa querida. 
Para o cobiçado Amazonas - o eldorado de então - voltaram-se as vistas do menino vate, e para lá partira pressuroso. Muitos anos viveram naquelas regiões, observando a Natureza de tão prodigiosa terra, estudando os costumes e lendas dos seus naturais, retratando-os fiel e vigorosamente, no admirável "Pelo Solimões" que expurgado de alguns inevitáveis senões, é uma das melhores obras que se há escrito sobre as cenas e paisagens daquele pujante rincão de terra brasileira. 
Referida obra, publica­da sob a imediata fiscalização do autor, em de 1907, pela Livraria Aillaud, de Paris, para onde se transportara. Mereceu os maiores encômios dentro e fora do país sendo para notar as referências elogiosas que lhe fizera em estudo especial, o grande critico mexicano Ramon Aguilera, redator da "Revista Madrilena" de Madrid e um dos mais dedicados estudiosos da literatura americana, naquele tempo.
Antes de seguir para a Europa, Quintino escreveu "Versos de Cores", cujos originais também se extraviaram no nomadismo de sua vida pelo Amazonas. (outras obras do autor: "A Morte de Cabeleira", elegia - (Nota de Ribamar Ramos - Entre os gregos e latinos, poema formado de versos hexâmetros e pentâmetros alternados. Poema lírico, cujo tom é quase sempre terno e triste.) – em (1904); "A Pulga", poemeto – poema curto - (1917). Quer deste, quer daquele romance de sua vida, Quintino ainda hoje reproduz páginas e páginas, dotado que é de espantosa memória.
De regresso novamente em Manaus, prestara relevantes serviços à colônia portuguesa, sendo agraciado por Dom Carlos, Rei de Portugal, com uma medalha de "Honra ao Mérito".
Já viúvo, trazendo daquelas inóspitas regiões, a alma enlutada pelo desespero e a dor que o acabrunhavam, voltou ao Ceará, onde terminou, em 1909, o seu curso de bacharel em Direito, entregando-se, dai por diante a advocacia, principalmente no Crime, especialidade em que se há consagrado um dos primeiros causídicos em diferentes fóruns.
Ao tempo do governo revolucionário de Franco Rabelo ingressara na política, e foi, depois de relevantes serviços prestados à causa em manifestações pela imprensa, em artigos doutrinários, ou nas praças públicas em meetings consecutivos, com a sua palavra candente, vibrante e incisiva, eleito deputado à Assembléia Legislativa do Estado, no biênio 1913/1914, onde perdurou até a segunda fase do Governo de Benjamim Barroso, ao qual serviu com dedicação e reconhecimento. Terminado o mandato, ainda lhe fora dada por este governo, importante comissão no Amazonas. Ali escrevera vários artigos no Jornal do Comércio. De sua passagem pela Assembléia há traços luminosos nos anais daquela Casa, que aos vindouros dirão dos talentos que lhe exornam.
Muito antes, porém, de ir ao Velho Mundo, em rápida excursão que fizera ao sul do país, ao tempo da guerra de Canudos, achando-se no Rio de Janeiro, precisamente na ocasião em que o povo em massa prestava as suas homenagens aos comandados do bravo Moreira César que formavam o 7.º Batalhão, cobrindo de flores os heróicos defensores do governo, viu-se uma criançola a bracejar no espaço num verdadeiro arroubo de eloqüência que a todos prendeu, entre pasmos e admirados. 
Era ele o Quintino, que num dos seus lances de felicidade, pressuroso, assomara a escada de "O Pais", e de lá saudava a soldadesca, estimulando-a ao cumprimento dos seus árduos e precípuos deveres para com a pátria, num comovente entusiasmo que arrancara daquela multidão, incontidas lágrimas e calorosas palmas, atingindo as manifestações ao auge, sendo o poeta carregado em triunfo pela Rua do Ouvidor afora depois do seu discurso assim terminado: - "Seja de lôdo a  sombra dos covardes, seja de bronze a sombra dos heróis!...".
 Desse dia em diante eclipsara-se o poeta, dando sérios cuidados aos seus companheiros que por dele terem noticias debalde recorreram à polícia e às redações dos jornais. Ninguém sabia do seu destino e crescia de ânimo a inquietação por se o descobrir, quando o autor destas linhas num dos jornais da metrópole, lera em num dos telegramas: - "O povo, em delírio, percorreu as ruas, falando da sacada do «Estado do Espírito Santo" o jovem e talentoso poeta cearense Quintino Cunha. Como lá fora ter, só hoje o sabemos.
Em extremo afetivo, tendo o coração sempre aberto a todas as mágoas alheias que tanto delas se possui, retratan­do-as por vezes nos seus olhos marejantes, fazendo vibrar a sua alma ao saber do sentimento torturante, estranho dele tanto possui, que externá-lo em meigo e delicado improviso fora a outrem impossível quanto lhe é o desafogo a alma sôfrega e sensivelmente delicada que se compraz nas vibrantes e sutis mutações do senso afetivo. Senão, vejamos: - Entrando certa  vez o poeta em casa de um seu amigo, encontrara a esposa deste a desenhar uma rosa exuberante, viçosa, da qual caiam, artisticamente, duas de suas melhores pétalas. Destinava-se esse delicado simbolismo a ser gravado em a lapide fria de um pequenino escrínio mortuário que guardava os restos mortais de dois mimosos anjinhos que aos céus se alaram, deixando os seus amorosos pais, em cruciantes saudades. Vibrando a alma do mavioso e delicado poeta, ao sabor daquele sentimento, rápido escrevera por baixo do desenho: ­

"Eu vejo nesta rosa duas vidas,
que nem a própria morte as ceifará;
são estas duas pétalas caídas - ­
Aloysio e Leilah . . . "

Quem não se possuísse como ele da dor alheia, não vibrasse ao sabor da mesma emoção, jamais seria capaz de escrever versos tão delicados, dolentes, sentimentais, e que falassem de perto à alma dos pais extremosos, que reconhecidos, fizeram gravá-los no mármore do pequeno túmulo existente em nossa necrópole, como um preito de amizade ao querido poeta que tão sutil e gentilmente se irmanava na interpretação dorida daquela mágoa.
Apesar de sua boemia, não suportara ele o lamento a que o acorrentara a viuvez, e sôfrego procurava prender-se a outros olhos que o cativaram, misturando deste modo as saudades ainda vivas do primeiro amor aos ternos carinhos de uma segunda esposa. 
Deste, como do outro matrimônio, houve filhos que lhe tornaram o lar feliz e alegre. Este enlevo do poeta durou poucos anos, quando vira então, ferido pelo rigor do destino inclemente, de novo o luto pesado a esmagar-lhe a alma apaixonada, cobrindo-a de negro crepe: Enviuvara pela segunda vez. 
Vira com imenso pesar o seu lar desfeito, assim, tão rudemente, entregue ao abandono em que ficaram aqueles anjinhos que nada compreendiam dentro da noite, horrível e tumultuosa em que se casavam às cruéis lamentações as lágrimas doridas do poeta. Tanto sofrimento não lhe fora, porém, bastante para amortecer o estro que mais se aguçava desafiando a dor torturante que o oprimia; vencendo-a por fim, dentro em pouco, senhor de si, vibrava a Lira com tanto afeto e doçura que lhe vira presa de sua melodia, toda repassada de carinhos, embevecida no seu meigo canto, aquela que lhe amparou os filhos fazendo a ventura do seu terceiro lar, povoado de novos anjinhos que lhe são o enlevo de hoje. 
Assim, cruelmente trabalhado, vencendo as mais torturantes privações no seu irrequieto nomadismo, sentira o poeta a premente necessidade de concentrar as suas energias esparsas em torno de seu lar e de si próprio, entrincheirando-se como um, verdadeiro espartano a lutar tenaz e heroicamente pelo bem estar da família, segregado do mundo, enclausurado, no bucolismo de sua aprazível vivenda em Afonso Pena.
Um fato interessante, consta ainda da vida do poeta. No alto Amazonas, certo dia de manhã clara e radiosa o Quintino preso de mortal nostalgia, com os olhos fitos nas águas negras de um lago, em Coary, na confluência do Solimões onde escreveu grande parte do "Pelo Solimões" - escravizado às torturas de um passado, revivendo feliz as cenas de sua infância entre as caricias do lar distante, descuidado, distraia-­se a pescar o almoço em perspectiva, quando lhe surge à frente, uma canoa tripulada por dois cavalheiros e um remador. Trava-se, então o seguinte diálogo: ­
- Oh! amigo, bom dia! - Bom dia! . . .
- O que está a fazer? . . .
- Pescando a vida! - responde o poeta  graça e ironia, esboçando um sorriso amigo.
A resposta incisiva e simples fôra a chave para animada palestra, denunciadora de que o rústico pescador daquelas águas turvas, era um espírito culto e esclarecido, contrastando com o atascal em que pescava a vida, e que um dos tripulantes do frágil batel era escritor de vasto renome. Conheceram-se deste modo, Quintino e Euclides da Cunha. 
Dentro em poucos dias de estreita Camaradagem, Euclides da Cunha publicava interessante crônica na imprensa de Manaus, refeita de elogios ao poeta, a quem dai por diante as pessoas de sua estima apresentava: - "O poeta Quintino, poeta de verdade!..."
Ainda na imprensa de Belém, fez o grande escritor um interessante trabalho sobre a personalidade do Quintino.
Presentemente Quintino Cunha, membro da Academia de Letras do Ceará, confecciona a sua tese "O Estilo na Jurisprudência", que dentro em breves dias defenderá em nossa Faculdade afim de colar o grau de doutor em Direito, (bacharelando-se em Direito em 1909, pela Faculdade de Direito. Foi Deputado à Assembléia Legislativa do Estado de 1913  a 1914), trabalho de grande valor, escrito em linguagem escorreita em que o poeta se bate pela unificação do estilo na jurisprudência, sempre prejudicado pelo atabalhoado de forma tão ao sabor dos chincanistas, trazendo à luz conceitos novos e inteiramente próprios de grande merecimento. (Quintino Cunha faleceu em 1 de junho de 1943).

Meton de Alencar

A ÁRVORE GENEALOGIA DE QUINTINO CUNHA
Por José Pedro Soares Bulcão. 
Transcrito do livro “Anedotas do Quintino e Ceará Gaiato. 15.ª edição – 1974 Plautus Cunha.

Quintino Cunha nasceu a 24 de julho de 1875, na localidade de São Francisco de Uruburetama, antes Riacho do Fogo e hoje Itapajé. Recebeu na pia batismal o nome de José, filho de João Quintino da Cunha e Maria Maximina Ferreira Gomes da Cunha. O ato teve lugar na Matriz de São Francisco de Assis. O pesquisador histórico,  saudoso intelectual Jo­sé Pedro Soares Bulcão, membro do Instituto Histórico do Ceará, compilou cuidadosamente a árvore genealógica de Quintino Cunha. Ao brilhante autor das "Parêmias", devemos o trabalho que se transcreve abaixo:
Oriundo, pelo lado paterno, dos célebres Cunha, do Bo­queirão, que eram ramos florescentes dos Cunha Pereira, da Capitania de Pernambuco, ligados a Dom Frutuoso Barbosa, primeiro donatário da Paraíba, e que figuram em diversos títulos dos que compõem a “Nobiliarquia Pernambucana”, de Borges Fonseca e seu pai João Quintino da Cunha, filho de outro do mesmo nome, trazia dessa estirpe a coragem irrefletida, a índole aventureira, a inteligência lúcida, a verve sadia, saturada da pilhéria folgazã e essa boêmia descuidada que, parece, era o traço primordial da raça que Quintino herdou e acumulou, como num compêndio, de todos os seus ancestrais
Pela sua avó paterna, Dona Maria Antônia, era ele ligado a muitas famílias do sul do Estado, ramificadas na Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e no Ceará, particularmente, e mais proximamente por Dona Pulchéria Isabel aos Gaspar de Oliveira, de quem é ramo direto o Major Manuel Teófilo Gaspar de Oliveira, e, por Dona Leocádia Salazar, ao boníssimo Monsenhor Salazar Cunha, também Cunha Pereira, cujas virtudes fazem honra ao clero cearense. 
As três eram irmãs. Pelo lado materno, que melhor tenho estudado, pelas ligações que a ele me prendem, difícil, nesta rápida resenha, enumerar as ligações de Quintino Cunha com quase todos os intelectuais do Ceará, oriundos do norte do Estado. Sua mãe, essa veneranda e inesquecível professora Maximina - Maria Maximina - o espírito de mulher que mais se salientou no seu tempo, no Ceará, vinha diretamente dos principais fundadores das grandes famílias que povoaram as antigas freguesias de Aracati e Amontada, hoje subdivididas e imensamente povoadas por muitas gerações que se sucederam e se entrelaçaram.
Seu avô materno, José Pereira Gomes de Menezes, era oriundo em quinto grau do Coronel Francisco Ferreira Pontes, que bem pode ser considerado o Adão daquela zona; em quarto, do Capitão-Mor Mateus Mendes de Vasconcelos, genro deste, que mereceu esse qualificativo por ter sido o mais fecundo e de maior renome da família, do Capitão Domingos Ferreira Gomes, também em quarto, primeiro marido da celebrizada Dona Maria Álvares Pereira, a mulher máscula, de tradição, de energia e coragem cívica, que casou em segundas núpcias com o Coronel Félix Ribeiro da Silva, origem de uma geração que enche a história heróica e intelectual daquela zona; eram seus netos Francisco Miguel Ibiapina, que pagou no patíbulo o crime de ter herdado dela o espírito de liberdade e heroísmo com que se entregou à revolução de 24 - (1824); e o Coronel Joaquim Ribeiro da Silva, cuja crônica é bem conhecida pela sua bravura e atuação política naquela zona; de Cosme Soares Bulcão e do Capitão Gabriel Cristóvão de Menezes, casados com duas filhas de João Lins de Albuquerque, de origem bem conhecida em todo o Brasil, tendo sido o último casado em primeiras núpcias com Bernarda Correia de Araújo, irmã de Dona Clara de Araújo Sampaio, - (nota de Ribamar Ramos: nascida em 1711 e falecida em 12.01.1798, era filha de Brás Correia de Araújo e Ana da Rocha Sampaio) - mulher de Matias Vidal de Negreiros, (idem: Matias casou-se com Clara em 1728 e faleceu em 1780) - ambas irmãs de Simão Correia Lima, pai do Tenente-Coronel do mesmo nome, que floresceu no Jaguaribe e a quem eram ligados aos Vidal de Negreiros, Correia Lima, Araújo Sampaio, Correia de Araújo, Maciel de Andrade, Rocha Sampaio etc., e de todo o nordeste e cuja descendência é a maior do Estado.
De Pereira da Cunha, Mendes de Vasconcelos, Ferreira Fontenele, Ferreira Gomes, Álvares Pereira Soares Bulcão, Muniz Barreto, Teles de Menezes, Lins de Albuquerque, ligados colateralmente a Frotas, Linhares, Rodrigues Lima, Paulo Pessoa, da Silva, Sabóias, Montes, e tantos nomes ilustres do Ceará, é QUINTINO CUNHA um genuíno representante e intelectualmente como poeta e homem de espírito, bem pode ufanar-se de sua estirpe, onde as musas têm andado em constante conúbio com outros predicados que lhe realçam a ascendência”.
O historiador Raimundo Girão, a quem dispenso uma quase filial atenção, pelo fato de considerá-lo o maior nome do Ceará, refere-se ao nosso Quintino Cunha, no livro editado por seu filho Plautus, que igualmente muito admiro. Girão assim escreveu. O texto abaixo é, portanto, uma transcrição literal do livro Anedotas do Quintino e Ceará Gaiato de autoria de seu filho, Plautus Cunha.

“PROÊMIO”

Há fatos que são sintomas. Este de tirar um livro em nosso País, a 15.ª edição, é um deles. Índice de que a obra tem aceitação. É lida. Agradou.
ANEDOTAS DO QUINTINO - para o ouvido cearense, é som familiar. Por onde se anda, ouvem-se, repetidas, as historietas de Quintino Cunha. Obrigatórias, nos fins de rega-bofes, do mais grã-fino banquete ao mais íntimo repasto, na momento em que os comensais já se espiritualizaram bastante. In vino veritas, pessoas alegres, de bons sentimentos que o vinho revela, como revela os brigões, os pródigos, os taciturnos, os loquazes...
A pilhéria é milenar. Parece ter Adão engolido a maçã unicamente por uma piléria de Eva. Teríamos sido, portanto, filhos da pilhéria e... de bom gosto a primeira da história humana, por entre as moitas meio surpresas do terreal Paraíso.
Diógenes foi à suprema pilhéria grega. E em Roma a sátira tomou forma de gênero literário. Com o poeta Caio Lucílio, no segundo século a.C., queimando em rimas os desregramentos dos seus concidadãos. Depois veio Horácio, com as afamadas "Sátiras". Veio Juvenal, com as suas não menos "célebres".
O maior humorista e repentista cearense de todos os tempos, no Ceará, foi Quintino Cunha.
Conheci-o de perto. Dou testemunho dos admiráveis efeitos das suas improvisações chistosas do seu repentismo. Longe de ser um vaidoso, com a sua personalidade atraente e a sua forte miopia visual, sem qualquer espalhafato de gesto nem de linguagem, trazia em gargalhada as "rodas" dos cafés da cidade - primeiro o Riche, depois o Glória, mais recentemente o Globo, nos quais se amesendavam intelectuais, cientistas, juristas, estudantes e professores a ouvi-lo. No Tribunal do Juri nunca perdeu uma causa.
Bacharel em Direito, advogado, andou por muitas terras exercendo com brilhantismo a profissão, com resultados ótimos. Os seus dotes oratórios fizeram-no reputado na tribuna do Júri, porém nenhum partido disso tirou. Muitos que lhe davam algum dinheiro lhe deviam quando menos a liberdade. Foi advogado dos pobres de Fortaleza enquanto viveu. Publicou "Pelo Solimões", livro que o conceituou como poeta de apurada sensibilidade. Quando rapaz estreara com “Dife­rentes” (1895), prefaciado por Farias Brito. São contos, felizes pela delicadeza da expressão. Outros que impressionam pelo atrevimento da idéia, e em todos uma certa feição particular que os torna deveras originais.
Um dia, pensou na cátedra da Faculdade de Direito e escreveu a tese - O Estilo na Jurisprudência, trabalha de fôlego que lhe valeu o doutoramento.
Entretanto, como repentista e dono de fino humor, é que o Dr. José Quintino da Cunha havia de entrar na fama. Para não mais sair.
Merece, pois, os mais justos elogios à decisão, tomada por Plautus Cunha, escritor e jornalista dos melhores, de tornar cada vez mais divulgada essa facêta do espírito do pai. E por direito lhe pertence. Não pode ser melhor a homenagem.
Todavia, a individualidade de Quintino Cunha, no conjunto, exige estudo mais demorado, num levantamento biográfico que o retrate devidamente. Quem o fizer, dará valiosa contribuição a nossa cultura mental.
E convenço-me de que o amor filial de Plautus o conseguiria com vantagem”.
(Raimundo Girão)

Mais honesto seria, se eu (Ribamar Ramos) recomendasse a você, que está lendo esta modesta pesquisa, um “pequeno garimpo”, pois ha mais de trinta anos tento compilar, de forma coerente, à história desta tão hospitaleira urbe. 
Apesar de não ser seu filho natural, sou sim da pequena Taperuaba, no município de Sobral - sobre a qual, também tento fazer um modesto resgate, através do blog: www.taperuaba-ce.blogspot.com.br
Agostinho Lara, compositor e poeta mexicano, que quando em viagem de navio pela costa mexicana, viu seu navio naufragar. Apega-se a Deus e promete que, se salvo, faria daquela terra, sua “nova” terra natal. Salvou-se. Cumpriu literalmente sua promessa. A cada ano, enquanto tinha vida, comemorou seu aniversário na cidade de Vera Cruz.
Assim também o fiz. Egresso, primeiramente da pequenina Taperuaba e posteriormente, precisamente de São Paulo, em 25 de outubro de 1972, aportei nesta terra. O protagonista da historieta acima se dizia um náufrago; eu porém, um “marujo”, talvez à procura de um novo porto. Quem sabe, até de novas aventuras ou de lindas mulheres. Aqui de tudo encontrei! Bendito seja o padroeiro desta terra: São Francisco de Assis.
Deixando de lado à nostalgia, a propósito, o vocábulo nostalgia, em latim significa: o “retorno da dor”. Verdadeiramente não existe nenhuma nostalgia, nada de dor! Pelo contrário falar sobre Quintino Cunha e de Itapajé só nos remete a momentos de alegrias, “gaiatices cearenses” e, também de reflexão! Precisamos valorizar nossos vultos históricos. Nossos ilustres filhos!
Itapajé, às vezes, a que me parece é descuidado, desatento com sua história. Abaixo transcrevo, para melhor conhecimento de nossa história, alguns fatos relevantes.
Revendo as Leis de Itapajé encontrei uma justa homenagem que poderíamos, isto mesmo! Poderíamos prestar a Quintino Cunha e a pessoas que prestassem relevantes serviços a comunidade de Itapajé. Conforme Lei municipal, devidamente aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo Executivo Municipal.
É uma pena que se façam Leis e não as executem (ou façam-nas cumprir)! Vejam a transcrição da lei que institui a Comenda Quintino Cunha. Vale ressaltar que, NUNCA, A NINGUÉM FOI OUTORGADA A HONRARIA, que representa a “COMENDA QUINTINO CUNHA”. O que vemos muito em Itapajé, de todos os tempos é a outorga de “Título de Cidadania” a qualquer “Zé Mané” que presta um favor a alguns governantes de plantão! É uma vergonha à relação desses “Cidadãos Itapajeenses” quem à conhece, de cara repudia. PURO PUXA SAQUISMO! Vejam a lei. Em postagens futuras divulgarei sua totalidade. É imensa, a lista de "homenagens a compadres!"
Quintino Cunha recebeu, em sua homenagem, o nome de uma rua em Itapajé, além da homenagem, conforme veremos abaixo: 

Lei n.º  1093 -  de 8 de outubro de 1987 – Institui a Comenda Quintino Cunha – “Trata da criação da Comenda Quintino Cunha. O Prefeito Municipal de Itapajé.  Faço  saber que a Câmara Municipal de Itapajé aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1.º - Fica instituído a partir da data de sua publicação desta Lei, a Comenda Quintino Cunha. Art. 2.º - Os critérios da entrega serão elaborados por uma comissão de alto nível composta por pessoas de nossa comunidade, levando em consideração os esforços relevantes para o engrandecimento e divulgação do nosso município. Art. 3.º - Será entregue anualmente 01 (uma) comenda. Art. 4.º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Paço da Prefeitura Municipal de Itapajé, em 08 de outubro de 1987. (Raimundo Vieira Neto).
Será que algum dos nossos ilustres representantes têm conhecimento dessa Lei? 


ALGUMAS OBRAS LITERÁRIAS DE QUINTINO CUNHA

COMUNHÃO DA SERRA
(José QUINTINO da CUNHA)

Ontem, à noite, eu vi a minha Serra,
Como uma virgem, trêmula, contrita,
Recebendo de Deus, daqui da terra,
Uma hóstia do Céu, hóstia bendita.

Como foi, para vê-la assim? De neves
Era o véu transparente, que a cobria,
Vendo-se aqui e ali negros tons leves,
Do negro que do verde aparecia.

Tons negros, talvez restos, que os comparo,
De alguma nuvem torva, esfacelada
Por Deus, que só queria o Céu bem claro,
Porque ia dar a hóstia consagrada!

o cafeeiral, que rebentava em flores,
A grinalda na fronte lhe brotava;
E o frio, rebento dos temores,
No seu intimo, o frio rebentava!

Assim a Natureza era o sacrário,
De onde Deus dava a comunhão radiosa
À Serra! E era o Céu o grande hostiário
E era a lua, a hóstia luminosa.

E digam que eu não vi a minha Serra,
Como uma virgem, de grinalda e véu,
Recebendo de Deus, daqui da terra,
A hóstia luminosa lá do Céu!


RUI MORTO

Celebração complexa e o primeiro
dos grandes homens nacionais em tudo.
Continente a viver do conteúdo
de si mesmo, na Pátria e no estrangeiro.

De virtudes, um másculo pioneiro;
da nossa Liberdade, eterno escudo;
deram-lhe tudo, menos sobretudo,
a direção do povo brasileiro!

Vivo, não fora a tanto necessário...
Morto, é tão grande, é tão extraordinário,
que encontra, em cada Estrela, um cemitério!

De onde passo a ilagir, um tanto aflito:
ou o Rui foi menos do que se tem dito,
ou este nosso Brasil é um caso sério...


ENCONTRO DAS ÁGUAS

Vê bem, Maria aqui se cruzam: este
É o Rio Negro, aquele é o Solimões.
Vê bem como este contra aquele investe,
como as saudades com as recordações.


Vê como se separam duas águas,
Que se querem reunir, mas visualmente;
É um coração que quer reunir as mágoas
De um passado, às venturas de um presente.

É um simulacro só, que as águas donas
D'esta região não seguem o curso adverso,
Todas convergem para o Amazonas,
O real rei dos rios do Universo;

Para o velho Amazonas, Soberano
Que, no solo brasílio, tem o Paço;
Para o Amazonas, que nasceu humano,
Porque afinal é filho de um abraço!

Olha esta água, que é negra como tinta.
Posta nas mãos, é alva que faz gosto;
Dá por visto o nanquim com que se pinta,
Nos olhos, a paisagem de um desgosto.

Aquela outra parece amarelaça,
Muito, no entanto é também limpa, engana:
É direito a virtude quando passa
Pela flexível porta da choupana.

Que profundeza extraordinária, imensa,
Que profundeza, mais que desconforme!
Este navio é uma estrela, suspensa
Neste céu d'água, brutalmente enorme.

Se estes dois rios fôssemos, Maria,
Todas as vezes que nos encontramos,
Que Amazonas de amor não sairia
De mim, de ti, de nós que nos amamos!...


PELO SOLIMÕES

A PIRACEMA

Aqui é um lago, feito de água clara;
Visualmente negro se mostrando;
Calmo que sobre si passa uma igara,
Como no espaço um passarinho voando.

Sol, das dez da manhã. O amor compara
Este quadro à virtude. Um vento brando...
Mas lá fora no rio. Ele aqui pára,
O lago, a mata e o Céu quietos deixando.

Do anivelado espelho d'água, apenas
Manchado levemente por pequenas
Nódoas que lhe colorem, nódoas cérulas,

Aos bandos, as sardinhas vão surgindo,
Frágeis, cambiantes, rápidas fugindo,
Como travessas conchas madrepérolas.


VISTA IGNOTA

Há um ruído infernal, dentro do leito
Do rio. A lontra rosna. A capivara
Espavorida esconde-se no estreito
De um paraná, que a enchente ali formara.

O jacaré, levando tudo de eito,
Foge, estrugindo horrivelmente; e, para
Mais aumentar o grande ruído feito,
O rio inteiro se convulsionara...

E, enquanto em medo tudo se alvorota,
Nesta paisagem visualmente ignota,
Mas facilmente do índio percebida,

Uma anta firme, calma que arrebata,
Corta o fundo das éguas, distraída,
Como se fosse andando pela mata!...


VAZANTE

O mês de julho mostra um tempo novo
Em tudo: à margem pousa alegre bando
De borboletas, cor de gema de ovo,
O declive das águas anunciando.

Da floresta central, de lá de ignotas
Matas, voltam, da imensa arribação,
Os maguaris, as garças e as gaivotas,
- A beleza das praias no verão!

E o uirapajé cantando, e a saracura
Cantando, em fim o plácido barulho
Das aves todas, dá-nos a envoltura
Dessas manhãs esplêndidas de julho.

A própria vida mais amor exalta,
Nesses dias magníficos, sem-par,
Quando mais se ouve o canto da pernalta,
No alegre anseio de nidificar.


EPÍLOGO

Só de um lance de vista a ideia morre,
Sem ver no Solimões grandeza alguma;
Porque assim de relance, mal parece
Um vasto espelho de moldura verde
Onde o Céu tem costume de mirar-se!

Vede-o alternadamente:

É um mar tranquilo
Onde passa um navio. Agora, é a praia
— Branca toalha de Deus ao Sol corando,
Uma igara, que o desça, a vida lembra
No declive do mundo enfurecido,
E ora tão calmo, das paixões humanas.
A garça que ali pouse, é o ponto branco
Da pulcra proposição: — a ave é a poesia.
Se porventura o vento o agita, um coro
De banzeiros, em lágrimas desfeito,
Ecoa ao longe, no íntimo das matas!

O louro-rosa, o cedro, a samaumeira,
Quando derivam na voraz corrente,
Lembram destroços de cruel derrota
Da mais tremenda luta pela vida.
Quando à margem fervilha a piracema
De jaraquis, pacus, mandis, sardinhas,
Frágeis, cambiantes, madreperoladas,
Vezes subindo à flor d'água, e de novo,
Quando o dourado ou o boto lhes persegue,
Caindo como bátegas de chuva
Na coberta de zinco das barracas,
Igualando-os, no meio, a piraiua
Como a queda de um'árvore na mata,
Ou mesmo a pirarara, arremedando
As lavadeiras quando batem roupa;
Quando estrugindo o jacaré bubuia,
Na defesa dos filhos pequeninos,
Se humana voz em terra os arremeda;
Quando, à mercê da simples correnteza,
De bubuia, nas árvores que descem,
As gaivotas também descem reunidas,
Como um bando de náufragos, que buscam
Salvação nos destroços, que flutuam,
Da galera infeliz da humanidade,
Se tal galera a mata imensa fosse;
E quando outras no ar recurvam voares
E o corta-água e a ariramba gaivoteiam,
Assim, sim, já se pode ter em mente
Que o território desse rio imenso,
Sem marcos miliários confinantes,
É um país ideal, cheio de assombros,
E de verdades e d'encantos cheio!

Vede-o profundamente:

No seu seio
Milhões de seres encantados moram,
Mitologicamente idealizados:
De Uirará, de Unutara, de Honorato,
À virginal Ararambóia, à Iara,
Iara — a formosa imperatriz netúnica,
A sereia fluvial, por cujo canto,
Perdera a fala a fauna ictiológica,
Subjugando-a, vencendo-a, dominando-a,
Como o próprio Tupã, do alto de Iuaca

Na pátria pois das ilhas flutuantes,
Onde Boiaçu nos dera a noite.
E onde Membiíra rosna como a onça,
Quando os botos suspiram como gente,
Os botos, filhos da encantada corte,
Nesse canto, patrícios, a poesia
Não flutua, mas vive como os peixes!...

Dá-me, Amor Pátrio, com que agora o veja
De um moroso galerno, espanejado,
Como uma taça imensa, onde Iara beba
À saúde do Sol que nos aclara,
Com esse licor original de sombras
— Sombras de nuvens, dissolvidas n'água!


O CAVALO

                  O mérito, em declínio, é sempre oriundo
                  de um suposto valor:
                  o Cavalo foi tudo, neste mundo,
                  desde escravo a Senhor!

                  Na Arábia, foi Herói; na Grécia, Trono;
                  Em Roma, Senador!
                  Hoje, no mais humílimo abandono,
                  mal chega a ser Doutor!


O GATO

O Gato, se tem fome, é assim: procura,
todo brandura, o dono seu, pedindo-lhe comida.
Mas de uma forma, tão enternecida,
que nos parece Gato
a sombra fiel de um candidato
pedindo votos para ser eleito...
E, quando o apanha,
que ao próprio dono ferozmente estranha,
aí é que o retrato está perfeito!


O BURRO

Chega à feira um sertanejo
montado num Burro arisco.
E, sem pensar nalgum risco,
aquele canto não sai.
Perto, apita um trem, e o Burro
salta com tal ligeireza,
que o pobre homem, de surpresa,
desiquilibra-se e cái!

Nesse momento, a assistência,
um tanto ou quanto educado,
prorrompeu em forte assuada,
quando o matuto caiu...
E, apenas como protesto,
àquele cena, tão séria,
vendo tamanha miséria,
somente o Burro não viu...

    
 QUINTINO tinha pavor aos ignorantes, notadamente àqueles que atingiam posição de destaque na política, na sociedade, no comércio, nas artes ou nas letras.

      Nas oitavas abaixo reproduzidas, o poeta adverte-nos o perigo que o ignorante oferece à humanidade:


O MENTIROSO E O IGNORANTE

O mentiroso é consciente
da mentira que ele explora.
Mas o ignorante ignora,
que ignora o que fizer.
De onde suponho, com acerto,
ser natural que prefiras
um soltador de mentiras
a um ignorante qualquer.


A IGNORÂNCIA

Na história da teimosia,
entra a rudeza e a arrogância,
é tão forte a ignorância,
tão cruenta, tão mendaz,
que a própria Sabedoria;
de tudo, sabendo tanto,
 não póde saber de quanto
o ignorante é capaz.

É imenso o trovário do conhecido epigramista cearense.
Eis algumas redondilhas, à moda popular, de sua autoria: 

      — O homem que se sujeita
    a caprichos de mulher,
                   é  zero escrito à direita
           de uma unidade qualquer.

              — Mesmo, sem subserviência,
                quem se ampara em proteção,
                  ou vive na dependência,
               ou morre na humilhação 

Reforma, de quando em quando,
segundo o meu parecer,
é uma vela se apagando
e outra pra se acender...

    
Outras Pérolas de Quintino     

O cearense, em criança,
nasce na FÉ, com verdade;
cresce e vive na ESPERANÇA
e morre na CARIDADE.





Quando foi criado o selo de educação e saúde, QUINTINO farpeou, com esta quadra, um advogado, seu conterrâneo, homem doente do corpo e da inteligência:

Um bacharel doente e rude,
quase morreu de desgosto,
por não pagar o imposto
de Educação e Saúde. . .



  SPES UNICA

Morto, dentro da fria sepultura,
sem te poder falar?
E tu, que me amas, boa criatura,
indo me visitar...

 Banhada de suspiros, de soluços,
 desmaiada, talvez . ..
Muita vez reclinada, até de bruços,
 na altura dos meus pés...

Pedindo a Deus o meu viver eterno
 junto das glórias suas;

que me livre das penas do inferno,
e a chorar continuas...

Lembrando nossa vida a todo instante
repassada de dor,
a lembrar-te que fui o teu amante,
— o teu único amor,
 Mal, pensando na horrífera caveira,
em que me transformei,
exausto de fadiga, de canseira,
imaginar não sei...

Para evitar essa hora amargurada,
esse quadro de dor, tão verdadeiro,
Deus há de ser servido, minha amada,
que tu morras primeiro ! ...

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Abaixo, algumas “pilhérias” de Quintino Cunha:

Quintino Cunha - (Quando criança).
Certa vez o Padre Dantas, recentemente empossado vigário de Baturité, precisou ir aos correios, como não sabia onde ficava, saiu a rua e encontrou um menino, pergunta-lhe onde ficava os correios. Quintino diz: “ entre à direita, dobre à esquerda; tem uma praça e um prédio bem grande. É lá”. O Padre, vendo o pequeno tão sabido, convida-o para ir ao catecismo. O menino perguntou: para quê? E o bom vigário lhe disse que ia lhe ensinar o caminho do céu. Ao que Quintino respondeu pronto: “Padre, desculpe, o Sr. não sabe nem o caminho do correio...”
O advogado Quintino Cunha, personagem do folclore do Ceará do início do século passado, fazia uma viagem de trem para Cariús (CE), mas no caminho havia uma parada em Iguatu (CE).

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Era o dia da inauguração do novo prédio do Fórum (ou Foro, como queiram). Alguns colegas, ao encontrarem Quintino na estação, convidaram-no para participar da solenidade.

Mal-humorado, Quintino perguntou:

– Quem é o juiz?

– É o Doutor Fulano.

– O promotor?

– Sicrano.

– E o advogado?

– Beltrano.

Desdenhoso, o matreiro advogado torceu o nariz e resmungou:

– Pois isso não é um Foro! É um desaforo!


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Conta-se que, numa audiência em Fortaleza (CE), um professor de hipnose era acusado de furto.

A certa altura, disse este, em sua defesa:

– Se eu quisesse fugir, poderia fazer todos aqui dormirem!

O advogado Quintino Cunha, figura folclórica do Ceará, que acompanhava a audiência, interveio:

– Não é preciso, deixe isso a cargo de seu advogado!

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Noutra feita, corria uma audiência quando o causídico adversário disse:
– Doutor Quintino, eu estou montado na lei!

– Pois saiba que é muito perigoso montar num animal que não conhece bem.


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Certa vez, no tribunal do júri, levou até o promotor à comoção ao dizer que o acusado era arrimo de família e cuidava sozinho de sua mãezinha cega de mais de oitenta anos:
– Não olhem para o crime deste infeliz! Orem pela sua pobre mãe, velhinha, doente, alquebrada pelos anos e pela tristeza, implorando a misericórdia dos homens, genuflexa diante da justiça, se desfazendo em lágrimas, pedindo liberdade para o seu filho querido!

O réu foi inocentado. Na saída do tribunal, um dos presentes, sensibilizado, aproximou-se do causídico:

– Doutor Quintino, quero fazer uma visita à mãe daquele infeliz, pois quero ajudá-la!

– Ora! Eu sei lá se esse filho de uma égua algum dia teve mãe!


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Noutro júri realizado no Ceará, o assistente da acusação mandou fazer um caprichado desenho da arma do crime. Exibiu aos jurados uma cartolina branca com uma ilustração detalhada do punhal utilizado para assassinar a vítima. Vendo que os jurados haviam se impressionado com a gravura, o matreiro advogado Quintino Cunha pediu um aparte e perguntou:
– Nobre colega, caso aqui estivéssemos tratando do crime de sedução, qual seria o instrumento do crime que Vossa Senhoria estaria aqui apresentando aos jurados?

Todos caíram na gargalhada e o trabalho da acusação perdeu o impacto. O réu acabou absolvido.


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O advogado Quintino Cunha visitava a cadeia, em companhia do então governador do Ceará, Benjamin Liberato Barroso (1914-1916), quando um detento lhe pediu socorro jurídico:

– Doutor, fui condenado a quatro anos de prisão porque deflorei uma donzela. Ainda tenho dois anos para cumprir, mas estou disposto a casar se me perdoarem o restante da pena.

Quintino olhou com piedade para o jovem rapaz e respondeu:

– Quer um conselho de amigo? Cumpra o resto da pena!



Ao final da vida, aos 68 anos de idade, no dia primeiro de Junho de 1943, em Fortaleza, QUINTINO CUNHA fechava os olhos à vida. Sem nada possuir, senão um grande talento e enorme cultura, ele mesmo ditou, momentos antes de morrer, o epitáfio para o seu túmulo:

O Padre Eterno, segundo
refere a História Sagrada,
tirou o Mundo do nada...
E eu Nada tirei do mundo.

AS DIVERSAS FACES DE QUINTINO CUNHA









                                                                                                                        Ribamar Ramos
1 de junho de 2015
Boa noite / Bom dia