terça-feira, 22 de maio de 2012


FRANCISCO RIBEIRO PESSOA MONTENEGRO
19/12/1885 - 17/12/1969

 Muito conhecido como Major Montenegro e para os mais íntimos "Fancudo", nasceu Francisco Ribeiro Pessoa Montenegro em Santana do Acaraú, terra onde estão implantadas as raízes de sua família, no dia 19 de dezembro de 1885 - Sábado.
Ficou órfão de mãe em tenra idade e de pai na adolescência, já residindo em São Francisco de Uruburetama aonde chegou com 5 anos, cidade escolhida por seu pai, o Tabelião João Ribeiro Pessoa Montenegro ( já postado neste blog seu resumo biográfico), para instalar o seu tabelionato. Falecendo seu pai, decidiu ele residir em Fortaleza, na com­panhia do irmão Monte (João Ribeiro Pessoa Montenegro Filho), então já com 20 anos.
Chegando a Fortaleza, por conselho de seu padrinho, o Coronel Fonteles, alistou-se na Força Pública do Estado, como Alferes, para "fazer carreira", isso em 1905. Sua ascensão deu-se nas seguintes datas e ordem:
Em 1906, passou a 1 ° sargento da Cavalaria
Em 1916, foi transferido para o Estado-Maior
Em 1917, promovido a Capitão
Em l918, como Capitão foi nomeado a Delegado Regional, com sede em Sobral, abrangendo Santana do Acaraú, Crateús, Granja, Ipu e Camocim.
Foi citado pelo Presidente do Estado Tomé de Sabóia como uma "...fonte de esteio e disciplina, oficial inteligente, criterioso e dedicado ao serviço público".
Sentindo o baixo nível intelectual dos soldados recrutados pela po­licia de então, instalou cursos extra-oficiais de Alfabetização e Conheci­mentos Gerais visando melhorar o "status" corrente. "Fé-de-Oficio" da Policia Militar do Ceará.
Fundador da Revista "ALMANAK MILITAR" do Regimento. Serviu como Delegado ainda em Canindé, novamente em Crateús e outras cidades, o que foi fonte de histórias sem fim que contava com muito espírito aos filhos na mesa do jantar.
Advogado de Provisão nas comarcas de Sobral, Granja, Acaraú, Ipu, Viçosa, Maranguape, São Francisco (Itapajé) e Fortaleza.
Em 1924, assumiu o Comando da Cia. do Estado-Maior, e logo em seguida foi convidado pelo Governador Manuel Moreira da Rocha, o "Moreirinha", para servir como Ajudante-de-ordem, lugar que ocupou na gestão de vários governadores e Interventoria.
Participou de muitos embates políticos, o que era uma delicia ou­vir seus relatos, mas nunca envolveu-se pessoalmente então, com ne­nhum partido, sendo porém leal a quem servia.
Com esse espírito de lealdade e juntamente com Carvalho Júnior, Brasil Pinheiro, Mozart Catunda, Rui Guedes, Alfredo Weyne, Rui Fir­meza, Nathanael Cortez e Mecenas de Alencar, partiu no vapor" Itanagé, pertencente a mesma frota dos “Itas”, inclusive o Itapagé", acompanhando o Governador Matos Peixoto durante a debandada do Governadores do Norte que fugiram das garras da revolução de 30.
Sozinho ficou no "Palácio da Luz" o Cel. Antônio Botelho, que durante as "démarches" e atropelos da fuga, primeiro para o quartel e depois para o navio, adormeceu num sofá e ficou esquecido, não sendo lembrado na saída precipitada. Só veio a acordar quando o ordenança chamou-o: "Coronel Botelho, todo mundo já partiu e agora vou fechar o Palá­cio"... Os revoltosos já vinham chegando. Antônio Botelho ficou deses­perado pela frustração de não participar do gesto "glorioso" e inútil.
Em setembro de 1930, vitoriosa a Revolução, ânimos acalmados o Major Montenegro, em Recife, foi convidado pelo seu primo, Tenente Juracy Montenegro Magalhães a participar da reconstrução do desman­telo geral, reincorporando-se à sua  condição militar.
Major Montenegro foi comissionado ao Exército Nacional, como Ten. Coronel da Força Expedicionária a Belém do Pará, partindo com as tropas no navio "Afonso Pena". Sufocado o movimento legalista existen­te naquele Estado, com o apoio do Ten. Magalhães Barata, voltou a For­taleza, no navio "Campos Sales". Em 1931 foi Ajudante-de-ordem do Governo Fernandes Távora, seguindo-se a Interventoria do Cap. Roberto Carneiro de Mendonça, onde permaneceu até 1933.
Já nos finais da Interventoria do capitão Roberto Carneiro de Mendonça, o Ceará recebeu a visita do Presidente Vargas com uma comitiva da qual participaram: Major Juarez Távora, o Ministro José Américo de Almeida, o Interventor Roberto Carneiro de Mendonça. O Major Francisco Montenegro, foi convidado pelo Major Juarez Távora para ser Ajudante-de-ordem do Presidente Getúlio Vargas, quando de sua permanência no Ceará, cargo que já exercia junto ao Cap. Carneiro de Mendonça. O motivo da visita era a inauguração do Açude "General Sampaio", em 1933. Um fato interessante ocorreu durante essa visita: sendo oferecido à comitiva um churrasco em homenagem ao Presidente gaúcho e como na época esse tipo de serviço não era usual no Nordeste nem principalmente nas grandes festas, não sabiam os garçons locais, como atuar corretamente. Na hora do almoço, Getúlio Vargas vendo a inabilidade dos garçons nordestinos no "corte da peça", olhou matrei­ramente para o Major Montenegro, jogou fora o charuto e com largo sorriso falou: "Vamos ensinar aos rapazes o corte gaúcho". Apanhou a faca e passou a trinchar gauchescamente com toda a perícia, para ad­miração e deleite dos presentes.
Anos depois, o Major Montenegro foi promovido a Ten. Coronel da Polícia Militar e ao retirar-se da ativa, foi promovido a Coronel. Mereceu muitas Menções Honrosas citadas na sua longa "Fé-de-Oficio" que ficará como exemplo aos seus descendentes.
Quanto a sua vida particular, ao deixar a vida pública, foi convi­dado a ser Prefeito em São Francisco de Uruburetama, "Itapajé", onde passou apenas um ano (1934-35, teve sua indicação em 2 de janeiro de 1934 e Posse no cargo, como Prefeito, dois dias depois, no dia 4 de janeiro 1934), voltando a Fortaleza em 1935, resolveu ser empresário em sociedade com Francisco Franklim, atuando no ramo de transportes de Cargas e Passageiros, onde permaneceu alguns anos.
Dentro do âmbito familiar, casou-se em 24 de fevereiro de 1910, com Maria Angelina de Matos Montenegro, filha do Cel. Joaquim Alexandre Mattos e Josepha Rodrigues de Mattos, fazendeiros, sendo ele chefe político em Itapajé. Angelina era irmã de D. Aureliano Matos, Bispo de Limoeiro do Norte, tia de Dom Vicente Araújo Matos, Bispo Emérito do Crato e tia do Padre Mariano Rocha Matos. Era prima em segundo grau da escritora Alba Valdez, pertencente a "Padaria Espiritual" (Maria Rodrigues).
Major Francisco Montenegro foi um dos fundadores do CLUBE PROGRESSISTA, em 1903 e funcionou em uma casa  hoje onde funciona a padaria de José Eudes Carvalho de Castro, em frente a agência do Bradesco (BEC), - (atualmente, 2012), na rua Dom Aureliano Matos. Era uma espécie de escola para adultos. Na década de 1950, muitos outros foram também fundadores e frequentadores. Em breve falarei um pouquinho sobre esse tradicional Clube-Escola. O Coronel Francisco Ribeiro Pessoa Montenegro faleceu no dia 17 de dezembro de 1969, sua esposa Maria Angelina de Matos Montenegro, em 1971.

Ribamar  Ramos
(Baseado em informações do
livro de Yolanda Montenegro).


2 comentários:

  1. Parabéns Ribamar, esse seu trabalho ajuda no resgate de nosso história. Continue assim e estarei sempre acompanhando esse seu blog que está espetacular.

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  2. Major Montenegro é meu bisavô. Na casa de minha avó Yolanda tem uma foto dele e de minha bisavó Angelina. Lindos. Obrigada pot esse resgate da história.

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