O MONGE DE GRANITO
Original de Antônio Martins
"Era
da tarde ao fim, que o vi de perto,
Já das
brumas da noite o vulto incerto ...
Um
gigante de pé;
Depois,
à luz do dia contemplei-o,
Fui
mais perto, mais perto - o mesmo enleio ...
"Infinito
galé!"
Como
ele é majestoso! Viu passarem
Com os
séculos gerações a se abismarem
Na
tumba das idades; - sentinela dos mundos no seu posto,
Tem
das procelas rugas, pelo rosto sulcos
das tempestades!
Fez-se
monge . . . Preferiu à cela escura
O
ambiente sagrado da natura,
Entre
os muros azuis da cordilheira;
E aí,
n'um paraíso aos céus aberto,
Constituiu-se
- um marco no deserto
-
Ancora da fé na crença derradeira.
Quem
sabe a sua lenda?
Altos
mistérios . . .
Dorme
com as gerações nos cemitérios
A
história deste herói! . . .
Sondar
quem pode a alma gigantesca
Dessa
estátua sem luz - múmia dantesca
Que o
tempo não destrói.
O povo
aponta-o respeitoso e altivo,
Como a
estátua fatal d´um redivivo ...
Do
dilúvio . . . talvez?
Da
arca de Noé caíra a nado,
Té que
um dia - aportou extenuado
Dos
serros no convés!
Foragido
dos mares, da esperança.
Tanto
lutou que teve na bonança
O seu
último alento;
Hirtos
os membros, cansados, sem conforto,
Ascendeu
ao Calvário antes do Horto - no hérculeo passamento
Tem
encelados os membros de granito,
Rolou
lá das alméias do infinito dorso dos destroços.
Por hoje é o que tenho para contribuir com a História de Itapajé.
Ribamar Ramos
Fort 16 de fevereiro de 2014
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