TÚNEL DO TEMPO DA HISTÓRIA DE ITAPAJÉ
ANIVERSÁRIO DE SAUDADE
FRANCISCO MOREIRA DE SOUSA
"MOREIRA"
(9 de maio de 1907 – 9 de maio de 2015)
- 108 anos – 39.447 dias -
FRANCISCO MOREIRA DE SOUSA
"MOREIRA"
(9 de maio de 1907 – 9 de maio de 2015)
- 108 anos – 39.447 dias -
Hoje, 9 de maio de 2015 – Sábado, se ainda contássemos com a presença de
FRANCISCO MOREIRA DE SOUSA - O precursor da radiofonia local, com certeza, já pela
madrugada teríamos ouvido as valsas e outras modinhas, que costumeiramente
nesse dia, Moreira fazia tocar em seu Serviço de Alto Falantes Royal, de sua
propriedade.
Lamentavelmente, hoje, dia de seu aniversário de Nascimento e saudade, -
se vivo fosse estaria completando 108 anos = 39.447
dias. O silêncio, mais uma vez, predominou! Que tristeza! São passados,
exatamente 22 anos; 10 meses; 2 semanas; 1 dia ou ainda, para ser mais preciso:
8.354 dias de seu falecimento! Itapajé, a meu ver esqueceu-se do nosso
“Primeiro Comunicador”. Ah! Povo de memória curta. Será que alguma Emissora de
Rádio - ou apresentador lembrou-se dessa data, que era tão importante para ele
e muito agradável para nós. Coisas dos tempos modernos, em que tudo é
descartável, efêmero e sem importância. ´Sinal dos Tempos´, como diria o
saudoso Paulo Vieira de Mesquita.
O “Serviço de Alto Falantes Royal”, por várias décadas foi o principal,
quiçá, o único meio de comunicação existente em Itapajé. Indiscutivelmente
prestou relevantes serviços a nossa comunidade. Quando o assunto era para ser
conhecido por todos, não havia dúvida, “divulgar no Moreira”.
Além do pioneirismo na rádio difusão, Moreira também, foi dono de Clubes
de dança. Os famosos Royal e Royalzinho. Muitos jovens, e também “velhotes”
dançarinos, embalaram suas noites de Sábado ao som de bons conjuntos musicais,
que eram contratados para animar os famosos bailes de sábados à noite. A
vigilância para que somente as “moças de boas famílias” frequentassem o
principal, que era Royal era cuidado com muito rigor. O ilustre Itapajeense, já
falecido, Dr. Paulo Vieira de Mesquita, contava muitos “Causos” sobre essa
exigência.
(Clube Royalzinho)
Moreira pouco se posicionava com relação a assuntos críticos, especialmente
aos de cunho religiosos e eleitorais-políticos, que envolvessem assuntos incômodos.
No entanto, na década de 1980, quando da disputa eleitoral, salvo engano, em
que se enfrentaram os candidatos Raimundo Vieira Neto e Luiz Gonzaga Saraiva,
ao tomar conhecimento do candidato vencedor, pelo qual torcia, logo ao saber do
resultado, ligou o Serviço de Alto Falante Royal, ´a toda altura´ e fez tocar
uma música do Benito de Paula, cuja letra dizia: “Tudo está no seu
lugar, graças a Deus, graças a Deus...!”. A audácia lhe trouxe um grande
susto.
O prédio onde funcionava o Serviço de Alto Falante Royal era de propriedade
do Sr. Avelino Bernardo Forte, de saudosa memória, torcedor e partidário do
candidato derrotado. Achando ser o gesto do amigo Moreira, bastante indelicado
pediu-lhe jamais repetisse tal atitude. Fez isso, com certeza, muito mais como
brincadeira que por ameaça, já que sentia uma imensa simpatia pelo amigo
Moreira. Falam-se de que Moreira não pagava, absolutamente nada de aluguel
daquele prédio, de propriedade de Avelino Forte. Muitos eram os frequentadores
do Bar Royal, inclusive o Sr. Avelino.
(Bar do Moreira)
Moreira inteligentemente, para aproveitar-se da audiência e abrangência
do sistema de som, para fazer suas cobranças dos anunciantes que deixavam fiado
algum serviço prestado. Dizia: “Atenção fulano de tal, se tu não vieres
me pagar até amanhã eu vou dizer teu nome aqui na radiadora”. A ameaça
quase sempre surtia bons resultados!
Orleans Pinto de Mesquita, de saudosa memória e graduado funcionário
municipal, responsável pela limpeza pública e conservação das praças, fora
chamado muitas vezes para resolver alguma bagunça na Praça Duque de Caxias,
atual Praça da Assembleia de Deus. Certa vez o chama dizendo: “atenção
Orleans! Vem urgente tirar esses jumentos que estão transando aqui na praça!”.
Agora, em matéria de humildade, Moreira era o arquétipo vivo. Excetuemos
somente, quando “nos festejos de seu aniversário”. Naquele dia, o dia todo era
um verdadeiro Dia de Festa. Talvez por carência afetiva, já que Moreira jamais
manteve, pelo menos publicamente, um relacionamento amoroso ou conjugal. Vivia
apenas em função e para seu trabalho e por um “filho do Coração” o José Valdir,
que conseguiu educar, formando-o Engenheiro Civil, hoje alto funcionário da
Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Naqueles “dias noves de maio”, dia de seu aniversário, toda Itapajé,
aqui, parafraseando José de Alencar: “Na surdina merencória da manhã,
precedendo o silêncio da noite, substituía-a pelos sons maviosos da boa
música”. A partir da madrugada, uma programação totalmente dedicada a
ele mesmo. O repertório era maravilhoso! Músicas Divinas – a Valsa Branca de
Zequinha de Abreu era tocada no início de cada bloco musical; aí se seguiam
outras tantas músicas maravilhosas, sempre acompanhadas do auto oferecimento.
Às vezes outras pessoas ofereciam-lhe também mensagens e homenagens.
Lembro-me que em 9 de maio de 1973, o Grupo de Jovens o “MOJOVITA –
Movimento Jovem de Itapajé”, do qual participavam muitos jovens à procura de
afirmação junto a Deus. Nessa oportunidade resolvemos eu, Ribamar Ramos,
Socorro Dutra, na época minha namorada, Rita Rodrigues, Vilani e De Assis Rodrigues
- da Paróquia, - filhos do Sr. Epifânio Rodrigues e de dona Luiza; Úrsula
Dutra, Rafael “Brasil”, Zulmira e muitos outros jovens sonhadores e utopistas
determinados a prestar uma homenagem ao velho “radialista” e, por alguns
minutos, mesmo com visível oposição do aniversariante, assumimos o microfone do
serviço de som e fizemos diversas dedicatórias, coisas muito alegres,
características de jovens de vinte e poucos anos. O MOJOVITA recebia a
orientação religiosa de Irmã Jandira - Cordimariana, meiga, compreensiva, amiga
orientadora, que jamais conheci. Se nossos planos de homenagear Moreira tivessem
sido descobertos por Irmã Jandira, com certeza nossos propósitos não teriam
sido concretizados. Desobedecemos nossa mestra. Brevemente falarei sobre o que
foi e o que representou, para Itapajé, o MOJOVITA.
Moreira foi realmente muito especial e querido, por todos nós
itapajeenses, novos e velhos, homens e mulheres.
Outra “Moreirisse” que causou
certo incômodo foi quando do falecimento do Dr. Manuel Capelo Caamano, médico
dedicado e querido, no dia 29 de março de 1979. Já passava das 22 horas
quando, a pedido do Dr. Eldo Rios Louzada é feito o comunicado do falecimento
do querido médico, no Serviço de Alto Falantes Royal. Isso provocou um
constrangimento muito grande, principalmente nas pessoas de idades avançadas,
dado ao fato do médico ser muito amado e respeito, em Itapajé.
Isso era a cara do velho radialista. O inusitado anúncio se fazia
necessário, pelo fato dos familiares de Capelo terem de transladar o corpo para
o sepultamento em Fortaleza, no dia seguinte.
Quando mais jovem, viajou ao Rio de Janeiro, ao retornar a sua
terra, algum tempo depois, prometeu nunca mais ausentar-se dela. Seus pais
eram: Joaquim de Sousa Leal e Maria David Leal. Dessa união nasceram os
seguintes filhos, aqui não será obedecida à ordem cronológica de nascimento:
Francisco das Chagas Sousa Leal, nasceu 26 de março de 1900; José Sousa Leal
nasceu em 15 de agosto de 1896, sexta feira, faleceu em 20 de julho de 1971,
aos 71 anos. Roberto Sousa Leal nasceu em 19 de setembro de 1898, faleceu em 12
de dezembro de 1955. Maria das Chagas Sousa Leal, Neném de Sousa Leal, (Nascida
em 27 de outubro de 1892, terça feira. Faleceu em 4 de abril de 1945. Raimundo
Sousa Leal, apelidado de Calunga, nasceu em 27 de fevereiro de 1905, terça
feira, faleceu em 14 de fevereiro de 1936. Beleza David Sousa Leal, nasceu em
22 de novembro de 1902, segunda feira. Nenzinha Sousa Leal, nascida em 14 de
novembro de 1894, quarta feira. Faleceu em 3 de maio de 1966. Maria de Sousa
Leal, nasceu em 4 de outubro de 1864, faleceu em 15 de janeiro de 1947.
Itapajé pouco fez, - talvez, pequenas homenagens – muito aquém do seu
merecimento - até o momento, para homenagear esse tão importante filho. Ainda
está em tempo. Com a palavra os Poderes: Executivo e Legislativo, que tão
demagógica e politiqueiramente “distribuem” dezenas de ´homenagens a ilustres desconhecidos,
em sua grande maioria; outorgando-lhes Títulos de Cidadania´, que quase sempre
prestaram “alguns favores pessoais”, a alguns dos que exerciam –
temporariamente funções nos Poderes Legislativo e Executivo – raramente ao
Município!
Tenho em meu poder uma entrevista – a última – que Moreira, na
oportunidade foi entrevistado pelo Dr. Eldo Rios Louzada – em seu Programa da
Rádio Guanacés de Itapajé, em 1992, pouco antes de seu falecimento. Se houver
condições técnicas e de tempo, provavelmente divulgarei, oportunamente.
Vale salientar que Moreira era filho do casal: Joaquim de Sousa Leal e
de Maria David Leal. A lista de filhos do casal, acima divulgada foi copiada de
um original manuscrito do pai de Francisco Moreira de Sousa, datado de 26 de
fevereiro de 1959 - Quinta feira. Em meu poder cópia (digitalizada) das
informações acima.
Moreira faleceu no anonimato, em que jamais os grandes homens deveriam
morrer! Nasceu no dia nasceu em 9 de maio de 1907 e faleceu em 24 de junho de
1992, uma Quarta feira, com a idade de 85 anos; 1 mês; 2 semanas; 1 dia.
(Exatos 31.093 dias), esquecido e desprezado pela comunidade, pela qual prestou
relevantes serviços.
ALGUMAS FOTOS DO "ÁLBUM DO MOREIRA"
(Moreira e amigos)
Carteira de CABO ELEITORAL DA U.D.N
Carteira de CABO ELEITORAL DA U.D.N
Cartão do I.N.S.S
Identidade de Sócio
Título de Eleitor
Título de Eleitor
BAR DO MOREIRA (Praça Duque de Caxias - atual Praça da Assembleia)
Por hoje, 9 de maio de 2015
- Sábado, é o que tenho para contribuir, mesmo que modestamente, para um melhor
conhecimento de nossa Rica História.
Acredite: É possível tornar
a História de Itapajé mais conhecida – com a divulgação de fatos e efemérides
vivenciados por nossa gente. A
História de um povo é formada pelos esforços de todos seus filhos: Dos mortos,
que determinados, se esforçaram para engrandecê-la e dos vivos que a mantêm! Somos, portanto, os
protagonistas deste momento, no sentido de fazermos conhecida à rica e
envolvente História de Itapajé. Basta não desistir! (Ribamar Ramos).
Blog da História de Itapajé – www.itapagece.blogspt.com.br
FACEBOOK: Ribas Ramos
© Ribamar Ramos
PENSE NISSO....
"Que nada de falso seja dito, nada de verdadeiro seja omitido, nada de suspeito seja escrito e nada seja simulado". Cícero.
"Quanto a mim escrevo até este ponto; o que depois se passou, talvez outro queira tratá-lo". (Xenofonte).
Fortaleza 9 de maio de 2015 – Sábado.
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