quarta-feira, 9 de maio de 2012




FRANCISCO MOREIRA DE SOUSA
"MOREIRA"

Hoje, 9 de maio – Quarta feira, se ainda contássemos com a presença de FRANCISCO MOREIRA DE SOUSA - O precursor da radiofonia local, com certeza, já pela madrugada teríamos ouvido as valsas e outras modinhas, que costumeiramente nesse, Moreira fazia tocar em seu Serviço de Alto Falantes Royal, de sua propriedade.
Lamentavelmente, hoje, dia de seu aniversário, o silêncio predominou! Que tristeza! São passados apenas 20 anos, (ou 240 meses ou ainda, 7200 dias, aproximadamente) e Itapajé, a meu ver esqueceu-se do nosso “Primeiro Comunicador”. Ah! Povo de memória curta. Nenhuma emissora das três Emissoras de Rádio local lembrou a data que era tão importante para ele e muito agradável para nós. Coisas dos tempos modernos, em que tudo é descartável, efêmero e sem importância. Sinal dos Tempos, como diria o saudoso Paulo Vieira de Mesquita.
O “Serviço de Alto Falantes Royal”, por várias décadas foi o principal, quiçá, o único meio de comunicação existente em Itapajé.  Indiscutivelmente prestou relevantes serviços a nossa comunidade. Quando o assunto era para ser conhecido por todos, não havia dúvida, “divulgar no Moreira”.
Além do pioneirismo na rádio difusão, Moreira também foi dono de Clubes de dança. Os famosos Royal e Royalzinho. Muitos jovens, e também “velhotes” dançarinos, embalaram suas noites de Sábado ao som de bons conjuntos musicais que eram contratados para animar os famosos bailes de sábados à noite. A vigilância para que somente as “moças de boas famílias” freqüentassem o principal, que era Royal era cuidado com muito rigor. O ilustre Itapajeense, já falecido, Dr. Paulo Vieira de Mesquita, contava muitos “Causos” sobre essa exigência.
Moreira pouco se posicionava com relação a assuntos críticos, especial os cunho religiosos e eleitorais políticos, que envolvessem assuntos sérios. No entanto, na década de 1980, quando da disputa eleitoral, salvo engano, em que se enfrentaram os candidatos Raimundo Vieira Neto e Luiz Gonzaga Saraiva, ao tomar conhecimento do candidato vencedor, pelo qual torcia, logo ao saber do resultado, ligou o Serviço de Alto Falante Royal, à toda altura e fez tocar uma musica do Benito de Paula, cuja letra dizia: “Tudo está no seu lugar, graças a Deus, graças a Deus...!”. A audácia lhe trouxe um grande susto.
O prédio onde funcionava o Serviço de Alto Falante Royal era de propriedade do Sr. Avelino Bernardo Forte, de saudosa memória, torcedor e partidário do candidato derrotado. Achando o do amigo Moreira indelicado pediu-lhe jamais repetisse tal atitude. Fez isso, com certeza, muito mais como brincadeira que por ameaça, já que sentia uma imensa simpatia pelo amigo Moreira. Falam-se de que Moreira não pagava, absolutamente nada de aluguel daquele prédio de propriedade do Sr. Avelino Forte.
Muitos eram os frequentadores do Bar Royal, inclusive o Sr. Avelino. Moreira, inteligentemente aproveitar-se da abrangência do sistema de som, para fazer suas cobranças dos anunciantes que deixavam fiado algum serviço prestado. Dizia: “Atenção fulano de tal, se tu não vieres me pagar até amanhã eu vou dizer teu nome aqui na radiadora”. A ameaça quase sempre surtia bons resultados!
Orleans Pinto de Mesquita, funcionário municipal, responsável pela limpeza pública e conservação das praças, fora chamado muitas vezes para resolver alguma bagunça na Praça Duque de Caxias, atual Praça da Assembléia de Deus. Certa vez o chama dizendo: “atenção Orleans! Vem urgente tirar esses jumentos que estão transando aqui na praça!”.
Agora, em matéria de humildade, Moreira era o arquétipo vivo. Excetuemos somente, quando “nos festejos de seu aniversário”. Naquele dia, o dia todo. Era um verdadeiro Dia de Festa”. Talvez por carência afetiva, já que Moreira jamais manteve, pelo menos publicamente, um relacionamento amoroso ou conjugal. Vivia apenas em função e para seu trabalho e por um “filho do Coração” o José Valdir, que conseguiu educar, formando-o Engenheiro Civil, hoje alto funcionário da Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Naqueles “dias noves de maios”, dia de seu aniversário, toda Itapajé, aqui, parafraseando José de Alencar: “Na surdina merencória da manhã, precedendo o silêncio da noite, substituía-a pelos sons maviosos da boa música”. A partir das madrugadas, uma programação era totalmente dedicada a ele mesmo. O repertório era maravilhoso! Músicas Divinas – a Valsa Branca de Zequinha de Abreu era tocada no início de cada bloco musical, aí seguiam-se outras tantas músicas maravilhosas, sempre acompanhadas do auto-oferecimento.
Às vezes outras pessoas ofereciam-lhe também mensagens e homenagens. Lembro-me que em 9 de maio de 1973, o Grupo de Jovens o “MOJOVITA – Movimento Jovem de Itapajé”, do qual participavam muitos jovens à procura de afirmação junto a Deus. Nessa oportunidade resolvemos eu, Ribamar Ramos, Socorro Dutra, na época minha namorada, Rita Mesquita, Vilani e De Assis Mesquita da Paróquia, - filhos do Sr. Epifânio Mesquita e dona Luiza, Úrsula Dutra, Rafael “Brasil”, Zulmira e muitos outros jovens sonhadores e utopistas determinados a prestar uma homenagem ao velho “radialista” e, por alguns minutos, mesmo com visível oposição do aniversariante, assumimos o microfone do serviço de som e fizemos diversas dedicatórias, coisas muito alegres, características de jovens de vinte e poucos anos.
O MOJOVITA recebia a orientação religiosa de Irmã Cordimariana, Irmã Jandira, a s mais meiga, compreensiva, amiga orientadora, que jamais conheci. Se nossos planos de homenagear Moreira tivessem sido descobertos por Irmã, nossos propósitos não teriam sido concretizados. Desobedecemos nossa mestra.
Moreira foi realmente muito especial e querido, por todos nós itapajeenses, novos e velhos, homens e mulheres.
Outra “Moreirisse” que causou um certo incômodo foi quando do falecimento do Dr. Manuel Capelo Caamano, no dia 29 de março de 1979. Já passava das 22 horas quando, a pedido do Dr. Eldo Rios Louzada é feito o comunicado do falecimento do querido médico, no Serviço de Alto Falantes Royal. Isso provocou um constrangimento muito grande, principalmente nas pessoas de idades avançadas, dado ao fato do médico ser muito querido em Itapajé. Isso era a cara do velho radialista. O inusitado anúncio se fazia necessário, pelo fato dos familiares de Capelo ter de transladar o corpo para o sepultamento em Fortaleza.
 Quando mais jovem, viajou ao Rio de Janeiro, ao retornar a sua terra, algum tempo depois, prometeu nunca mais ausentar-se dela. Seus pais eram: Joaquim de Sousa Leal e Maria David Leal. Dessa união nasceram os seguintes filhos, aqui não será obedecida à ordem cronológica de nascimento: Francisco das Chagas Sousa Leal, nasceu 26 de março de 1900; José Sousa Leal, nasceu em 15 de agosto de 1896, sexta feira, faleceu em 20 de julho de 1971, aos 71 anos. Roberto Sousa Leal, nasceu em 19 de setembro de 1898, faleceu em 12 de dezembro de 1955. Maria das Chagas Sousa Leal, Neném de Sousa Leal, (Nascida em 27 de outubro de 1892, terça feira. Faleceu em 4 de abril de 1945. Raimundo Sousa Leal, apelidado de Calunga, nasceu em 27 de fevereiro de 1905, terça feira, faleceu em 14 de fevereiro de 1936. Beleza David Sousa Leal, nasceu em 22 de novembro de 1902, segunda feira. Nenzinha Sousa Leal, nascida em 14 de novembro de 1894, quarta feira. Faleceu em 3 de maio de 1966. Maria de Sousa Leal, nasceu em 4 de outubro de 1864, faleceu em 15 de janeiro de 1947.
Itapajé pouco fez, até o momento, para homenagear esse tão importante filho. Ainda está em tempo. Com a palavra os Poderes: Executivo e Legislativo.
A cronologia acima foi copiada de um documento escrito pelo pai de Francisco Moreira de Sousa, Sr. Joaquim de Sousa Leal que era casado com Maria David Leal, datado de 26 de fevereiro de 1959 - Quinta feira. Em meu poder cópia (digitalizada) das informações acima. Moreira nasceu em 9 de maio de 1907 e faleceu em 24 de junho de 1992, uma Quarta feira, esquecido pela comunidade, pela qual prestou relevantes serviços.

Ribamar Ramos

9 comentários:

  1. Olá Sr. Ribamar Ramos, sou leitora assídua do seu blog e quão grande foi minha surpresa, ao ler este texto sobre o Moreira,a menção dos nomes de meus queridos avós Francisco Epifânio (in memoriam)e Luiza que do alto dos seus 100 anos (completados em 20 de novembro do ano passado)ainda nos brinda com grande amor e sabedoria, e também meus tios Rita, Vilani e De Assis.
    Espero que continue com este primoroso trabalho sobre a história de nossa querida Itapajé.

    Elaine Cristina

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  2. Olá, Ribamar. Só agora fiquei sabendo de seu blog, através da Úrsula, que tive o prazer de ter contato recentemente, após longos anos distanciadas. Li já algumas postagens e parabenizo você pela iniciativa. É de grande importância termos a história de Itapajé escrita, assim não se perderá no tempo. Você já editou o livro sobre Itapajé, vai editar... Gostaria de saber, pois pretendo adquiri-lo.
    Apenas uma ressalva: nosso sobrenome não é Mesquita, como você colocou. Na época éramos conhecidos por Epifânio, mas nosso sobrenome é Rodrigues do Nascimento. Meu pai era Francisco Epifânio do Nascimento e minha mãe Luiza Rodrigues do Nascimento.
    Gostei de rememorar fatos da época de nossa juventude, como os citados, e me vi naquela época de nosso grupo de jovens. Continuarei acompanhando, e esperando pelo livro.
    Rita de Cássia (Rita Epifânio)

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  3. Olá Sr Ribamar se não me engano o sr. foi meu monitor de Crisma, mais vamos ao assunto do blog, me lembro deste grande comunicador e me lembro bem de quando voltava da missa com minha mãe ele sempre estva na calçada do prédio onde ficava sua radiadora, não sei se esse é o nome correto. Tinha por costume me chamar de Miguelzinho e me dar chicletes e bombons. Era um senhor adorável. Gostei muito de poder matar a saudade do passado de Itapajé de onde parti a 10 anos mais que trazem muitas lembranças boas. Parabéns pelo blog

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  4. Sr. Ribamar, meu nome é Moézio Carneiro Bastos, não o conheço pessoalmente, mas quero lhe agradecer pelas boas recordações proporcionadas. Sou Itapageense, filho de João de Paula Bastos e Sarah Carneiro Bastos. Passei minha primeira infância ali no Pau Ferrado, quase embaixo do hábito de pedra do Frade, brincando com muitos primos e ouvindo minha querida vó Maroca - Maria Otília Carneiro, tocar violão. Que saudade! Abraços atenciosos.

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    1. Eu só desse dancei munto nesse salao lenbro de agus tocador ze cafe de sobral.joao inaso da safona armonica

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  5. Olá Ribamar,tudo bem por favor me ajude a tirar uma curiosidade?-Você conheceu um farmacêutico conhecido por Teófilo?

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  6. UMA BOA FORMA DE HOMENAGEAR O MOREIRA , SERIA A MUDANÇA DO NOME PRAÇA DO POVÃO , DE EXTREMO MAU GOSTO E DEMAGÓGICA, PARA POR EXEMPLO " PRAÇA DO MOREIRA" . QUE TAL?

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  7. Meu nome e Rdo. Barbosa minha infancia e adolescencia ficou em Itapage, O grande MOREIRA .COM SUA RADIADORA; Tudo ele avisava deste as grandes festas como tb os velorios ...qdo morria uma pessoa ele anunciava ...lembro. Muito bem qdo ele anunciava a morte do sogro do Dr. Sombra eu tinha 11 anos .E as autoridades governamentais deveria mudaro o nome da praça do POVAO ..Para a praça do MOREIRA ASSIM Como tem a praça do Jauro..E se possivel um busto ou estatuA em sua homenagem...Mas tudo mim parece que Itapage pouco vida as memorias..Lembrando o Colegio Sao Francisco ..O auditorio Dr..Paulo Sarazate e assim vai ..ficando para tras. Mesmo sabendo povo sem memoria e povo sem. Historia.

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