JESUÍNO PINTO
DE MESQUITA
A parteira pergunta: Comadre
Maria – (Maria Francisca de Mesquita), que dia é hoje? – Manuel Pinto de
Mesquita, o marido da gestante responde: Comadre, hoje é dia 2 de outubro de
1902, quinta feira, lua nova. E alguns minutos depois, mais uma criança havia
nascido. Era um menino forte e bonito. Manuel, satisfeito, gritou: “è um cabra macho” e, naquele momento
asseverou que seu nome seria: Jesuíno.
O nome lembrava o de Cristo,
seria uma homenagem ao Rei dos Reis, Jesus Cristo. A criança crescia e se
desenvolvia rapidamente. No verão seus pais permaneciam no sítio Carnaubinha, aqui
mesmo em são Francisco da Uruburetama, atual Itapajé já no inverno a família se
deslocava para uma propriedade de nome Cidade, próximo a Juá, na época, vila do
distrito de Irauçuba, no município de Itapajé.
Estudou em Fortaleza, depois
se alista no Exército Brasileiro, sonho de seu pai, Manuel Pinto de Mesquita.
Vai prestar serviço no estado do Rio de Janeiro.
Em 1922, durante o cumprimento
de uma tarefa que lhe fora confiada, veio a acidentar-se gravemente. Ao fazer a
manutenção de um canhão, este veio a explodir, pois se encontrava “carregado”,
em conseqüência perdeu as duas mãos e parte dos braços, além de sofreu outros
escoriações pelo corpo e rosto.
Não dava mais para continuar
no exército. Teria que retornar a sua terra natal. Aqui chegando, algum tempo
depois, já recuperado, apesar de encontrar-se parcialmente incapacitado, assim
era como se achava: “Parcialmente incapacitado”. Tinha que aprender a conviver
com essa deficiência, a vida assim exigia.
Trabalhou arduamente junto
com seu Pai Manuel Pinto de Mesquita, superando suas dificuldades diariamente!
Um dia, coisas do destino,
seu olhar cruzou com o olhar de uma linda jovem: Umbelinda Fernandes, idades
muito próximas, passaram a se encontrarem sempre que podiam. O destino os uniu,
como marido e mulher, no dia 16 de agosto de 1926. No inicio da vida a dois,
apesar de ser filho de “pai rico”, enfrentou sérias dificuldades financeiras.
Não queria depender dos outros para viver, juntamente com sua mulher e os
filhos que viriam.
Seu soldo, assim é chamado
os proventos dos militares, como militar aposentado, era muito pequeno e mal
dava para proporcionar à família, uma vida digna. Passa a comprar leite de
gado, produzido na vacaria de seu amigo e visinho Raimundo Coelho e revende,
adquirindo com isso algum lucro.
Algum tempo depois, provara
para si mesmo e para os outros, que era capaz de multiplicar os talentos
recebidos. Continua a morar no Sitio Carnaubinha, que recebera por doação, de
seu pai, Manuel Pinto de Mesquita.
Estabelece-se como
comerciante, inicialmente com uma sapataria, depois um bar. No ano de 2001,
acredito que ainda nos dias de hoje, 24 de maio de 2012 é o prédio do Lojão São
Paulo, em uma das esquinas do antigo Mercado da Carne.
Assim foi progredindo.
Comprou uma casa, construiu outras. Os filhos vieram, ou melhor as filhas, pois
o casal tive três. Duas conseguiu diplomá-las e a terceira por motivo de saúde
foi obrigada a deixar de estudar.
Sua personalidade forte não
permitia que a deficiência causada pela falta das mãos viesse lhe trazer algum
complexo, pelo contrário, servia de incentivo para continuar a lutar pela vida.
Aprendeu a manipular diversos instrumentos de trabalho e outros inclusive
desenvolveu a capacidade de escrever, e diga-se, com uma caligrafia de dar
inveja a muita gente.
Seu gênio forte fazia-o, às
vezes explosivo. No entanto, não guardava ódio nem rancor de ninguém. Tinha por
hábito ajudar os outros. Certa vez, Mundim Mocó lhe pede uma esmola, este
concordou a dar a esmola, mas exigia que Mundim Mocó, em troca, deveria prestar
algum serviço em troca, assim procedendo achava que estava ensinando Mundim a
pescar. Assim mostrava-se consciente, de que todos podiam ser capazes de
efetuar alguma tarefa para conseguir meios de sobrevivência.
Mundim prontamente aceitou.
Fizera portanto um bom negócio. Ajudou a mais uma pessoa. Jesuíno exerceu
diversos trabalhos filantrópico e beneméritos em sua terra natal. Auxiliou na
reconstrução da parede do açude “Lagoa” e muito contribuiu, quando da
construção do Patronato São José.
Parte do caminho que liga
Itapajé ao Pau Ferrado, também recebeu sua ajuda. No distrito de Juá construiu
um açude que fornecia água de ótima qualidade às pessoas que necessitavam da
mesma. Sem dúvida tinha alguns defeitos, coisas dos seres humanos, mas, com
certeza, suas virtudes eram bem superiores. Sua mulher Umbelina, nascida em 22
de dezembro de 1901, era filha de Inácio Fernandes do Rego e Antônia Fernandes
de Melo. Jesuino faleceu em 5 de maio de 1993, com 90 anos de idade.
Em 25 de novembro de 1935,
Jesuíno recebe Pensão Mensal por ter sido mutilado em exercício da função,
conforme documento abaixo:
CÂMARA DOS DEPUTADOS
“Decreto nº 20.713, de 25 de Novembro de 1931.
Concede a pensão mensal de 300$000 ao soldado mutilado Jesuino Pinto de
Mesquita e a de igual quantia a Thomé Ribeiro de Siqueira.
O Chefe do Govêrno Provisório da Republica dos Estados Unidos do
Brasil, tendo em vista a lei n. 5.774, de 21 de agosto de 1931,
DECRETA:
Artigo único. É concedida ao soldado Jesuino Pinto de Mesquita,
mutilado nas duas mãos por ocasião de salvas datas no Forte de Copacabana, a
pensão de trezentos mil réis (300$00) mensais e, bem assim, a igual quantia a
Thomé Ribeiro de Siqueira; revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 25 de novembro de 1931, 110º da Independência e 43º da
Republica.
GETÚLIO VARGAS.
Oswaldo Aranha.
(Publicação: Diário Oficial da União - Seção 1 - 28/11/1931, Página
18995 (Publicação Original”).ver URL: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20713-25-novembro-1931-561315-publicacaooriginal-84914-pe.html)).
Jesuíno Pinto de Mesquita
foi homenageado, em 2002, pela Lei 1465 de 31 de maio de 2002 de Itapajé, em seu
artigo número 4: “Art. 4º - Fica
denominada de Rua Jesuíno Pinto de Mesquita, a Rua que inicia na Rua João Silva
Mota, cruzando as ruas Teixeira Pinto e Av. Antonio Pereira de Melo, no Alto da
Boa Esperança, até o seu final no bairro Padre Lima”.
Ribamar Ramos
(Texto de baseado diversas
fontes
e em entrevista com sua filha:
Maria Luíza Pinto Castro).
Bom conhecer a história daquele que poderia ser meu pai .. Mas preferiu apenas ser o procriador !Agradeço a ele por ter me feito e dado para adoção - essa sua atitude me deu o prazer de conhecer o melhor pai do mundo - o que me acolheu e me educou com muito amor ! E nem precisou ser da história da sociedade falida do Itapajé !!
ResponderExcluirOlá, sinto muito por tal fato. Sou bisneta dele, não tive contato com o mesmo, mas se quiser trocar uma ideia me mande um email: umbelinasarah@hotmail.com
ExcluirComo se chamava os avós paternos de Umbelina Fernandes Mesquita? Pois eles eram meus tataravós e preciso dos nomes deles para a minha pesquisa da árvore genealógica da minha família. Por favor me ajude descobrir se o pai de Inácio Fernandes do Rego, era Português? Estou precisando muito saber!
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