quinta-feira, 24 de maio de 2012



JESUÍNO PINTO DE MESQUITA

A parteira pergunta: Comadre Maria – (Maria Francisca de Mesquita), que dia é hoje? – Manuel Pinto de Mesquita, o marido da gestante responde: Comadre, hoje é dia 2 de outubro de 1902, quinta feira, lua nova. E alguns minutos depois, mais uma criança havia nascido. Era um menino forte e bonito. Manuel, satisfeito, gritou: “è um cabra macho” e, naquele momento asseverou que seu nome seria: Jesuíno.
O nome lembrava o de Cristo, seria uma homenagem ao Rei dos Reis, Jesus Cristo. A criança crescia e se desenvolvia rapidamente. No verão seus pais permaneciam no sítio Carnaubinha, aqui mesmo em são Francisco da Uruburetama, atual Itapajé já no inverno a família se deslocava para uma propriedade de nome Cidade, próximo a Juá, na época, vila do distrito de Irauçuba, no município de Itapajé.
Estudou em Fortaleza, depois se alista no Exército Brasileiro, sonho de seu pai, Manuel Pinto de Mesquita. Vai prestar serviço no estado do Rio de Janeiro.
Em 1922, durante o cumprimento de uma tarefa que lhe fora confiada, veio a acidentar-se gravemente. Ao fazer a manutenção de um canhão, este veio a explodir, pois se encontrava “carregado”, em conseqüência perdeu as duas mãos e parte dos braços, além de sofreu outros escoriações pelo corpo e rosto.
Não dava mais para continuar no exército. Teria que retornar a sua terra natal. Aqui chegando, algum tempo depois, já recuperado, apesar de encontrar-se parcialmente incapacitado, assim era como se achava: “Parcialmente incapacitado”. Tinha que aprender a conviver com essa deficiência, a vida assim exigia.
Trabalhou arduamente junto com seu Pai Manuel Pinto de Mesquita, superando suas dificuldades diariamente!  
Um dia, coisas do destino, seu olhar cruzou com o olhar de uma linda jovem: Umbelinda Fernandes, idades muito próximas, passaram a se encontrarem sempre que podiam. O destino os uniu, como marido e mulher, no dia 16 de agosto de 1926. No inicio da vida a dois, apesar de ser filho de “pai rico”, enfrentou sérias dificuldades financeiras. Não queria depender dos outros para viver, juntamente com sua mulher e os filhos que viriam.
Seu soldo, assim é chamado os proventos dos militares, como militar aposentado, era muito pequeno e mal dava para proporcionar à família, uma vida digna. Passa a comprar leite de gado, produzido na vacaria de seu amigo e visinho Raimundo Coelho e revende, adquirindo com isso algum lucro.
Algum tempo depois, provara para si mesmo e para os outros, que era capaz de multiplicar os talentos recebidos. Continua a morar no Sitio Carnaubinha, que recebera por doação, de seu pai, Manuel Pinto de Mesquita.
Estabelece-se como comerciante, inicialmente com uma sapataria, depois um bar. No ano de 2001, acredito que ainda nos dias de hoje, 24 de maio de 2012 é o prédio do Lojão São Paulo, em uma das esquinas do antigo Mercado da Carne.
Assim foi progredindo. Comprou uma casa, construiu outras. Os filhos vieram, ou melhor as filhas, pois o casal tive três. Duas conseguiu diplomá-las e a terceira por motivo de saúde foi obrigada a deixar de estudar.
Sua personalidade forte não permitia que a deficiência causada pela falta das mãos viesse lhe trazer algum complexo, pelo contrário, servia de incentivo para continuar a lutar pela vida. Aprendeu a manipular diversos instrumentos de trabalho e outros inclusive desenvolveu a capacidade de escrever, e diga-se, com uma caligrafia de dar inveja a muita gente.
Seu gênio forte fazia-o, às vezes explosivo. No entanto, não guardava ódio nem rancor de ninguém. Tinha por hábito ajudar os outros. Certa vez, Mundim Mocó lhe pede uma esmola, este concordou a dar a esmola, mas exigia que Mundim Mocó, em troca, deveria prestar algum serviço em troca, assim procedendo achava que estava ensinando Mundim a pescar. Assim mostrava-se consciente, de que todos podiam ser capazes de efetuar alguma tarefa para conseguir meios de sobrevivência.
Mundim prontamente aceitou. Fizera portanto um bom negócio. Ajudou a mais uma pessoa. Jesuíno exerceu diversos trabalhos filantrópico e beneméritos em sua terra natal. Auxiliou na reconstrução da parede do açude “Lagoa” e muito contribuiu, quando da construção do Patronato São José.
Parte do caminho que liga Itapajé ao Pau Ferrado, também recebeu sua ajuda. No distrito de Juá construiu um açude que fornecia água de ótima qualidade às pessoas que necessitavam da mesma. Sem dúvida tinha alguns defeitos, coisas dos seres humanos, mas, com certeza, suas virtudes eram bem superiores. Sua mulher Umbelina, nascida em 22 de dezembro de 1901, era filha de Inácio Fernandes do Rego e Antônia Fernandes de Melo. Jesuino faleceu em 5 de maio de 1993, com 90 anos de idade.
Em 25 de novembro de 1935, Jesuíno recebe Pensão Mensal por ter sido mutilado em exercício da função, conforme documento abaixo:
 CÂMARA DOS DEPUTADOS
“Decreto nº 20.713, de 25 de Novembro de 1931.
Concede a pensão mensal de 300$000 ao soldado mutilado Jesuino Pinto de Mesquita e a de igual quantia a Thomé Ribeiro de Siqueira.
O Chefe do Govêrno Provisório da Republica dos Estados Unidos do Brasil, tendo em vista a lei n. 5.774, de 21 de agosto de 1931,

DECRETA:

    Artigo único. É concedida ao soldado Jesuino Pinto de Mesquita, mutilado nas duas mãos por ocasião de salvas datas no Forte de Copacabana, a pensão de trezentos mil réis (300$00) mensais e, bem assim, a igual quantia a Thomé Ribeiro de Siqueira; revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 25 de novembro de 1931, 110º da Independência e 43º da Republica.

GETÚLIO VARGAS.
Oswaldo Aranha.
(Publicação: Diário Oficial da União - Seção 1 - 28/11/1931, Página 18995 (Publicação Original”).ver URL: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20713-25-novembro-1931-561315-publicacaooriginal-84914-pe.html)).
Jesuíno Pinto de Mesquita foi homenageado, em 2002, pela Lei 1465 de 31 de maio de 2002 de Itapajé, em seu artigo número 4: “Art. 4º - Fica denominada de Rua Jesuíno Pinto de Mesquita, a Rua que inicia na Rua João Silva Mota, cruzando as ruas Teixeira Pinto e Av. Antonio Pereira de Melo, no Alto da Boa Esperança, até o seu final no bairro Padre Lima”.

Ribamar Ramos
(Texto de baseado diversas fontes
e em entrevista com sua filha:
 Maria Luíza Pinto Castro).

3 comentários:

  1. Bom conhecer a história daquele que poderia ser meu pai .. Mas preferiu apenas ser o procriador !Agradeço a ele por ter me feito e dado para adoção - essa sua atitude me deu o prazer de conhecer o melhor pai do mundo - o que me acolheu e me educou com muito amor ! E nem precisou ser da história da sociedade falida do Itapajé !!

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    1. Olá, sinto muito por tal fato. Sou bisneta dele, não tive contato com o mesmo, mas se quiser trocar uma ideia me mande um email: umbelinasarah@hotmail.com

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  2. Como se chamava os avós paternos de Umbelina Fernandes Mesquita? Pois eles eram meus tataravós e preciso dos nomes deles para a minha pesquisa da árvore genealógica da minha família. Por favor me ajude descobrir se o pai de Inácio Fernandes do Rego, era Português? Estou precisando muito saber!

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