MESTRE ADALBERTO E O
CARRINHO DE JESUS
1922 -
? -
Nasce nesse ano, Adalberto Pinto Felício – Mestre Adalberto, não se sabe
o dia, nem tão pouco o mês, segundo palavras do mesmo, na pequena localidade de
Carcará, em Aracatiaçu, no município de Sobral, - (vizinho a minha querida
Taperuába, terra de meu – Ribamar Ramos - “orgulhoso nascimento”).
Mestre Adalberto era filho de João Pinto Felício e
de Margarida Vera de Sales. Criou seus filhos, com a ajuda integral, da
“patroa”, sua mulher. Os filhos da união foram: Isaías, Reginaldo, Lúcia e
Regina, esta última casada com Fita Fonseca.
Em 1935 sai de sua da localidade aonde nasceu com
destino a Irauçuba - (Antiga Cacimba do Meio), permanecendo aí até o meio do
ano de 1945. Em seguida muda-se pela primeira vez, para Riacho da Sela, atual
Umirim, onde permanece por três anos. Em seguida, mais uma vez, passa a morar
em São Luís do Curu, permanecendo aí por pouco mais de um ano. Finalmente
muda-se definitivamente para Itapajé, onde constitui família.
Em 1952, em viagem ao lugarejo chamado Raposa, no
Distrito de Pentecoste, encontra em uma oficina, uma sucata de caminhão, marca
Chevrolet ano 1946, segundo ele, em “bom estado de conservação”, faz uma
proposta ao seu proprietário e compra-o.
Aos poucos
consegue fazê-lo rodar. Isso se deu em 1954. O valor da compra dessa sucata foi
de 14 contos – “há de se ressalvar que
nessa época a moeda do Brasil era o cruzeiro, que fora implantada desde 1945,
no governo Getúlio Vargas. Portanto, o valor da compra da sucata não fica bem
esclarecido”. Por ter algum conhecimento em mecânica, faz, ele mesmo, todos
os consertos para que seu “novo” veículo funcione. Com ele passa a ganhar o seu
sustento, bem como, o de sua família.
Certa vez, quando abordado por patrulheiros da Polícia
Rodoviária Federal, que exigiam ver a documentação do veículo, mestre
Adalberto, impassível, pegou sua bíblia e começou a ler algumas passagens,
dizendo que aquele era o “carrinho de Jesus”. Após algum tempo os patrulheiros
permitiram que o mesmo seguisse viagem, mesmo sem serem atendias as suas
exigências.
Recorda que sempre foi um homem de fé e que jamais
fez às coisas que achava que não deviam ser feitas naquele momento. Lembra que
certa vez, na década de sessenta, combinou com o prefeito Jauro Bastos, o mais
representativo ícone da decência, honorabilidade e benquerença que já tivemos, que
colocaria algumas carradas de barro, em uma construção de uma das muitas
pracinhas criadas por Jauro, na Rua Fausto Pinheiro, próximo ao Ginásio São Francisco,
atual CNEC. Depois de transportar três carradas, comunica que por aquele dia a
tarefa estava cumprida. Um de seus peões insiste que daria tempo para ser
carregada mais uma carrada de barro. O interesse do operário devia-se a sua
condição de trabalhador por produção e assim, com mais uma carrada, seus
rendimentos no final daquele dia, seria maior. Mestre Adalberto, irredutível,
não cede aos argumentos de seu peão e resolve manter sua decisão de só retomar
o trabalho no dia seguinte.
Grande foi sua surpresa. Na manhã seguinte, ao
retornar ao barreiro, observa que o mesmo havia desabado e soterrara tudo em
volta. Agradece a Deus, e, acreditando que o que ocorrera teria sido um a graça
ele, Adalberto, sempre fazer preces a Deus, nas ocasiões em que tomava decisões
sérias. Por ter permanecido firme não decisão de só retornar ao trabalho na
manhã seguinte, pois se o tivesse feito na tarde do dia anterior, com certeza
seu “carrinho de Jesus”, juntamente com consigo e seus peões, teriam sido
soterrados, talvez até com vítimas fatais. Providências de Deus, com certeza.
Seu primeiro voto, segundo ele, foi dado para Paulo
Bastos, (pai de Cristina Bastos, casada com Francisco Jeremias de Vasconcelos,
irmão de Teófilo Ramos Netos, pai do autor e responsável por esse Blog) quando
residia em Irauçuba.
Já em Itapajé, lembra-se que votou em Raimundinho
Vieira, também em “seu” Vieira Neto – filho de Raimundinho Vieira; Luís Saraiva;
Ary Bastos e outros. Segundo suas lembranças, somente enfrentou alguma
dificuldade em trabalhar para a prefeitura, na gestão de Ary Bastos, segundo o
próprio “já tinha os seus”. Como homem de fé, essa foi uma de suas poucas
decepções.
Hoje, dia 20 de junho de 2000, um pouco antes de
meio dia, conversei por algum tempo com mestre Adalberto. Um fato, que de certo
modo me entristeceu foi à condição de conservação do “Carrinho de Jesus”,
presenciei que o mesmo foi desativado a pouco menos de um ano. Seu estado de
conservação vinha se deteriorando ano-a-ano, já não víamos o Mestre Adalberto tão
ativo, quanto fora antes. Terminando por atualmente o mesmo – (o carrinho de
Jesus) se encontrar em frente a sua residência na Avenida Odilon Ferreira
Gomes, um pouco após a AABB local.
Lamentável é que o carrinho, tão querido por todos
nós itapajeenses, se encontre – (já que este texto foi reescrito hoje, 4 de
maio de 2012, os tempos verbais devem ser adequados) - tomado por algumas
plantas invasoras trepadeiras, especificamente de melão caetano.
A cena me deixou muito triste, pois além da falta de
conservação e a consequente ociosidade do carrinho, e também, a do próprio
mestre Adalberto, que padecia de uma enfermidade cutânea, um de seus pés estava
bem inchado e com a pele perdendo a “melanina”, a pigmentação que dá cor
característica à pele humana. Notei uma certa dose de melancolia e tristeza, no
velho amigo Adalberto.
Ribamar Ramos
(O Taperuabense, que se fez “Aristoteliano de
Itapajé”).
“Nossa vida se torna, a cada dia, muito mais
interessante, pela simples possibilidade de vermos nossos sonhos realizados”-
Ribamar Ramos – Pesquisador
Talvez fosse o caso de restaurar o carrinho de JESUS, uma vez que são poucas as obras de Itapajé que ele não tenha atuado enquanto esteve em operação. Mestre Adalberto e o carrinho são lembranças de várias gerações dos itapajeenses.
ResponderExcluircoitado do pobre do carrinho de jesus eu acho que esse carro é um verde com frente nova e que bota agua no itapajé eu acho que é esse
ResponderExcluirMeu tio , irmão de meu pai Francisco Batista Pinto ( Guariba / em memória ).
ResponderExcluirFoi bombardeado?
ResponderExcluirIrmão Adalberto, grande homem de Deus!
ResponderExcluirIrmão Adalberto, grande homem de Deus!
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