sábado, 5 de maio de 2012



                               MESTRE ADALBERTO E O CARRINHO DE JESUS

1922    - ?  -  Nasce nesse ano, Adalberto Pinto Felício – Mestre Adalberto, não se sabe o dia, nem tão pouco o mês, segundo palavras do mesmo, na pequena localidade de Carcará, em Aracatiaçu, no município de Sobral, - (vizinho a minha querida Taperuába, terra de meu – Ribamar Ramos - “orgulhoso nascimento”).
Mestre Adalberto era filho de João Pinto Felício e de Margarida Vera de Sales. Criou seus filhos, com a ajuda integral, da “patroa”, sua mulher. Os filhos da união foram: Isaías, Reginaldo, Lúcia e Regina, esta última casada com Fita Fonseca.
Em 1935 sai de sua da localidade aonde nasceu com destino a Irauçuba - (Antiga Cacimba do Meio), permanecendo aí até o meio do ano de 1945. Em seguida muda-se pela primeira vez, para Riacho da Sela, atual Umirim, onde permanece por três anos. Em seguida, mais uma vez, passa a morar em São Luís do Curu, permanecendo aí por pouco mais de um ano. Finalmente muda-se definitivamente para Itapajé, onde constitui família.
Em 1952, em viagem ao lugarejo chamado Raposa, no Distrito de Pentecoste, encontra em uma oficina, uma sucata de caminhão, marca Chevrolet ano 1946, segundo ele, em “bom estado de conservação”, faz uma proposta ao seu proprietário e compra-o.
 Aos poucos consegue fazê-lo rodar. Isso se deu em 1954. O valor da compra dessa sucata foi de 14 contos – “há de se ressalvar que nessa época a moeda do Brasil era o cruzeiro, que fora implantada desde 1945, no governo Getúlio Vargas. Portanto, o valor da compra da sucata não fica bem esclarecido”. Por ter algum conhecimento em mecânica, faz, ele mesmo, todos os consertos para que seu “novo” veículo funcione. Com ele passa a ganhar o seu sustento, bem como, o de sua família.
Certa vez, quando abordado por patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal, que exigiam ver a documentação do veículo, mestre Adalberto, impassível, pegou sua bíblia e começou a ler algumas passagens, dizendo que aquele era o “carrinho de Jesus”. Após algum tempo os patrulheiros permitiram que o mesmo seguisse viagem, mesmo sem serem atendias as suas exigências.
Recorda que sempre foi um homem de fé e que jamais fez às coisas que achava que não deviam ser feitas naquele momento. Lembra que certa vez, na década de sessenta, combinou com o prefeito Jauro Bastos, o mais representativo ícone da decência, honorabilidade e benquerença que já tivemos, que colocaria algumas carradas de barro, em uma construção de uma das muitas pracinhas criadas por Jauro, na Rua Fausto Pinheiro, próximo ao Ginásio São Francisco, atual CNEC. Depois de transportar três carradas, comunica que por aquele dia a tarefa estava cumprida. Um de seus peões insiste que daria tempo para ser carregada mais uma carrada de barro. O interesse do operário devia-se a sua condição de trabalhador por produção e assim, com mais uma carrada, seus rendimentos no final daquele dia, seria maior. Mestre Adalberto, irredutível, não cede aos argumentos de seu peão e resolve manter sua decisão de só retomar o trabalho no dia seguinte.
Grande foi sua surpresa. Na manhã seguinte, ao retornar ao barreiro, observa que o mesmo havia desabado e soterrara tudo em volta. Agradece a Deus, e, acreditando que o que ocorrera teria sido um a graça ele, Adalberto, sempre fazer preces a Deus, nas ocasiões em que tomava decisões sérias. Por ter permanecido firme não decisão de só retornar ao trabalho na manhã seguinte, pois se o tivesse feito na tarde do dia anterior, com certeza seu “carrinho de Jesus”, juntamente com consigo e seus peões, teriam sido soterrados, talvez até com vítimas fatais. Providências de Deus, com certeza.
Seu primeiro voto, segundo ele, foi dado para Paulo Bastos, (pai de Cristina Bastos, casada com Francisco Jeremias de Vasconcelos, irmão de Teófilo Ramos Netos, pai do autor e responsável por esse Blog) quando residia em Irauçuba.
Já em Itapajé, lembra-se que votou em Raimundinho Vieira, também em “seu” Vieira Neto – filho de Raimundinho Vieira; Luís Saraiva; Ary Bastos e outros. Segundo suas lembranças, somente enfrentou alguma dificuldade em trabalhar para a prefeitura, na gestão de Ary Bastos, segundo o próprio “já tinha os seus”. Como homem de fé, essa foi uma de suas poucas decepções.
Hoje, dia 20 de junho de 2000, um pouco antes de meio dia, conversei por algum tempo com mestre Adalberto. Um fato, que de certo modo me entristeceu foi à condição de conservação do “Carrinho de Jesus”, presenciei que o mesmo foi desativado a pouco menos de um ano. Seu estado de conservação vinha se deteriorando ano-a-ano, já não víamos o Mestre Adalberto tão ativo, quanto fora antes. Terminando por atualmente o mesmo – (o carrinho de Jesus) se encontrar em frente a sua residência na Avenida Odilon Ferreira Gomes, um pouco após a AABB local.
Lamentável é que o carrinho, tão querido por todos nós itapajeenses, se encontre – (já que este texto foi reescrito hoje, 4 de maio de 2012, os tempos verbais devem ser adequados) - tomado por algumas plantas invasoras trepadeiras, especificamente de melão caetano.
A cena me deixou muito triste, pois além da falta de conservação e a consequente ociosidade do carrinho, e também, a do próprio mestre Adalberto, que padecia de uma enfermidade cutânea, um de seus pés estava bem inchado e com a pele perdendo a “melanina”, a pigmentação que dá cor característica à pele humana. Notei uma certa dose de melancolia e tristeza, no velho amigo Adalberto.

Ribamar Ramos
(O Taperuabense, que se fez “Aristoteliano de Itapajé”).

“Nossa vida se torna, a cada dia, muito mais interessante, pela simples possibilidade de vermos nossos sonhos realizados”- Ribamar Ramos – Pesquisador

6 comentários:

  1. Talvez fosse o caso de restaurar o carrinho de JESUS, uma vez que são poucas as obras de Itapajé que ele não tenha atuado enquanto esteve em operação. Mestre Adalberto e o carrinho são lembranças de várias gerações dos itapajeenses.

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  2. coitado do pobre do carrinho de jesus eu acho que esse carro é um verde com frente nova e que bota agua no itapajé eu acho que é esse

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  3. Meu tio , irmão de meu pai Francisco Batista Pinto ( Guariba / em memória ).

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  4. Irmão Adalberto, grande homem de Deus!

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  5. Irmão Adalberto, grande homem de Deus!

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