FRANCISCO RIBEIRO PESSOA MONTENEGRO
19/12/1885
- 17/12/1969
Muito
conhecido como Major Montenegro e para os mais íntimos "Fancudo",
nasceu Francisco Ribeiro Pessoa Montenegro em Santana do Acaraú, terra onde
estão implantadas as raízes de sua família, no dia 19 de dezembro de 1885 -
Sábado.
Ficou
órfão de mãe em tenra idade e de pai na adolescência, já residindo em São
Francisco de Uruburetama aonde chegou com 5 anos, cidade escolhida por seu pai,
o Tabelião João Ribeiro Pessoa Montenegro ( já postado neste blog seu resumo
biográfico), para instalar o seu tabelionato. Falecendo seu pai, decidiu ele
residir em Fortaleza, na companhia do irmão Monte (João Ribeiro Pessoa
Montenegro Filho), então já com 20 anos.
Chegando
a Fortaleza, por conselho de seu padrinho, o Coronel Fonteles, alistou-se na
Força Pública do Estado, como Alferes, para "fazer carreira", isso em
1905. Sua ascensão deu-se nas seguintes datas e ordem:
Em
1906, passou a 1 ° sargento da Cavalaria
Em
1916, foi transferido para o Estado-Maior
Em
1917, promovido a Capitão
Em
l918, como Capitão foi nomeado a Delegado Regional, com sede em Sobral,
abrangendo Santana do Acaraú, Crateús, Granja, Ipu e Camocim.
Foi
citado pelo Presidente do Estado Tomé de Sabóia como uma "...fonte de
esteio e disciplina, oficial inteligente, criterioso e dedicado ao serviço
público".
Sentindo
o baixo nível intelectual dos soldados recrutados pela policia de então,
instalou cursos extra-oficiais de Alfabetização e Conhecimentos Gerais visando
melhorar o "status" corrente. "Fé-de-Oficio" da Policia
Militar do Ceará.
Fundador
da Revista "ALMANAK MILITAR" do Regimento. Serviu como Delegado ainda
em Canindé, novamente em Crateús e outras cidades, o que foi fonte de histórias
sem fim que contava com muito espírito aos filhos na mesa do jantar.
Advogado
de Provisão nas comarcas de Sobral, Granja, Acaraú, Ipu, Viçosa, Maranguape,
São Francisco (Itapajé) e Fortaleza.
Em
1924, assumiu o Comando da Cia. do Estado-Maior, e logo em seguida foi
convidado pelo Governador Manuel Moreira da Rocha, o "Moreirinha",
para servir como Ajudante-de-ordem, lugar que ocupou na gestão de vários
governadores e Interventoria.
Participou
de muitos embates políticos, o que era uma delicia ouvir seus relatos, mas
nunca envolveu-se pessoalmente então, com nenhum partido, sendo porém leal a
quem servia.
Com
esse espírito de lealdade e juntamente com Carvalho Júnior, Brasil Pinheiro,
Mozart Catunda, Rui Guedes, Alfredo Weyne, Rui Firmeza, Nathanael Cortez e
Mecenas de Alencar, partiu no vapor" Itanagé, pertencente a mesma frota
dos “Itas”, inclusive o Itapagé", acompanhando o Governador Matos Peixoto
durante a debandada do Governadores do Norte que fugiram das garras da
revolução de 30.
Sozinho
ficou no "Palácio da Luz" o Cel. Antônio Botelho, que durante as
"démarches" e atropelos da fuga, primeiro para o quartel e depois
para o navio, adormeceu num sofá e ficou esquecido, não sendo lembrado na saída
precipitada. Só veio a acordar quando o ordenança chamou-o: "Coronel
Botelho, todo mundo já partiu e agora vou fechar o Palácio"... Os
revoltosos já vinham chegando. Antônio Botelho ficou desesperado pela
frustração de não participar do gesto "glorioso" e inútil.
Em
setembro de 1930, vitoriosa a Revolução, ânimos acalmados o Major Montenegro,
em Recife, foi convidado pelo seu primo, Tenente Juracy Montenegro Magalhães a
participar da reconstrução do desmantelo geral, reincorporando-se à sua condição militar.
Major
Montenegro foi comissionado ao Exército Nacional, como Ten. Coronel da Força
Expedicionária a Belém do Pará, partindo com as tropas no navio "Afonso
Pena". Sufocado o movimento legalista existente naquele Estado, com o
apoio do Ten. Magalhães Barata, voltou a Fortaleza, no navio "Campos
Sales". Em 1931 foi Ajudante-de-ordem do Governo Fernandes Távora,
seguindo-se a Interventoria do Cap. Roberto Carneiro de Mendonça, onde
permaneceu até 1933.
Já nos
finais da Interventoria do capitão Roberto Carneiro de Mendonça, o Ceará
recebeu a visita do Presidente Vargas com uma comitiva da qual participaram:
Major Juarez Távora, o Ministro José Américo de Almeida, o Interventor Roberto
Carneiro de Mendonça. O Major Francisco Montenegro, foi convidado pelo Major
Juarez Távora para ser Ajudante-de-ordem do Presidente Getúlio Vargas, quando
de sua permanência no Ceará, cargo que já exercia junto ao Cap. Carneiro de
Mendonça. O motivo da visita era a inauguração do Açude "General
Sampaio", em 1933. Um fato interessante ocorreu durante essa visita: sendo
oferecido à comitiva um churrasco em homenagem ao Presidente gaúcho e como na
época esse tipo de serviço não era usual no Nordeste nem principalmente nas
grandes festas, não sabiam os garçons locais, como atuar corretamente. Na hora
do almoço, Getúlio Vargas vendo a inabilidade dos garçons nordestinos no
"corte da peça", olhou matreiramente para o Major Montenegro, jogou
fora o charuto e com largo sorriso falou: "Vamos ensinar aos rapazes o
corte gaúcho". Apanhou a faca e passou a trinchar gauchescamente com toda
a perícia, para admiração e deleite dos presentes.
Anos
depois, o Major Montenegro foi promovido a Ten. Coronel da Polícia Militar e ao
retirar-se da ativa, foi promovido a Coronel. Mereceu muitas Menções Honrosas
citadas na sua longa "Fé-de-Oficio" que ficará como exemplo aos seus
descendentes.
Quanto
a sua vida particular, ao deixar a vida pública, foi convidado a ser Prefeito
em São Francisco de Uruburetama, "Itapajé", onde passou apenas um ano
(1934-35, teve sua indicação em 2 de janeiro de 1934 e Posse no cargo,
como Prefeito, dois dias depois, no dia 4 de janeiro 1934), voltando a Fortaleza em 1935, resolveu ser
empresário em sociedade com Francisco Franklim, atuando no ramo de transportes
de Cargas e Passageiros, onde permaneceu alguns anos.
Dentro
do âmbito familiar, casou-se em 24 de fevereiro de 1910, com Maria Angelina de
Matos Montenegro, filha do Cel. Joaquim Alexandre Mattos e Josepha Rodrigues de
Mattos, fazendeiros, sendo ele chefe político em Itapajé. Angelina era irmã de
D. Aureliano Matos, Bispo de Limoeiro do Norte, tia de Dom Vicente Araújo
Matos, Bispo Emérito do Crato e tia do Padre Mariano Rocha Matos. Era prima em
segundo grau da escritora Alba Valdez, pertencente a "Padaria
Espiritual" (Maria Rodrigues).
Major
Francisco Montenegro foi um dos fundadores do CLUBE PROGRESSISTA, em 1903 e
funcionou em uma casa hoje onde funciona
a padaria de José Eudes Carvalho de Castro, em frente a agência do Bradesco (BEC),
- (atualmente, 2012), na rua Dom Aureliano Matos. Era uma espécie de escola
para adultos. Na década de 1950, muitos outros foram também fundadores e
frequentadores. Em breve falarei um pouquinho sobre esse tradicional
Clube-Escola. O Coronel Francisco Ribeiro Pessoa Montenegro faleceu no dia 17
de dezembro de 1969, sua esposa Maria Angelina de Matos Montenegro, em 1971.
Ribamar Ramos
(Baseado em informações do
livro de Yolanda Montenegro).
Parabéns Ribamar, esse seu trabalho ajuda no resgate de nosso história. Continue assim e estarei sempre acompanhando esse seu blog que está espetacular.
ResponderExcluirMajor Montenegro é meu bisavô. Na casa de minha avó Yolanda tem uma foto dele e de minha bisavó Angelina. Lindos. Obrigada pot esse resgate da história.
ResponderExcluirparabéns seu Ribamar, uma historia interessante. Não sei se ainda você está pesquisando mais fico feliz pelo que já fez.
ResponderExcluirsou descendente do major MONTENEGRO o meu tio bisavô FRANCISCO RIBEIRO PESSOA MONTENEGRO. o deu blog me ajudou e agora tenho uma extensa arvore familiar. grata